6 de maio de 2024
Opinião

Polícia é Policia, bandido é bandido

Roda Viva – Tribuna do Norte – 22/03/23

Vale repetir o chavão da maior autoridade da República: – Nunca, antes, na história deste pobre Rio Grande do Norte (“Rio Grande do Norte sem sorte”, para o poeta) aconteceu nada igual.

De forma objetiva, esta Tribuna do Norte, conseguiu sintetizar o clima de pavor que vivemos, numa manchete de dez palavras: “SOB ATAQUE – Natal fica sem escolas, ônibus, postos de saúde e coleta de lixo”.

Uma facção criminosa, que dominou algumas instituições prisionais estabeleceu o confronto direto com o estado, e com isso levou o RN, como um mau exemplo, a ocupar os maiores espaços que se tem notícia, nos diferentes órgãos de comunicação. Destaque para a ousadia dos meliantes e a incompetência do estado na necessária repressão ao crime organizado.

O crime organizado inventou, uma reclamação contra comida de má qualidade nas prisões, para estabelecer o confronto e por esse meio retornar o comando do sistema carcerário (que existiu até 2017, segundo o juiz de execuções penais, Henrique Baltazar); mas o Governo não entendeu assim.

SEM BRIGA

O governo adotou uma política suicida de evitar o confronto necessário contra os bandidos que conseguiram produzir mais de uma centena de ocorrências criminosas num só dia, atingindo a população em mais de duas dezenas de municípios, desorganizando completamente a vida em sociedade e instalado o terror em cada família do RN.

Ficou evidente a falta de governo, agravada por comentários sussurrados pela tropa policial, difundindo a existência de “ordens superiores”, para dificultar o confronto com os criminosos, e com um policiamento cenográfico combater as ações reais dos fora da lei.

Com um agravante: – Para enfrentar uma tática terrorista adotou-se um tipo de policiamento tradicional. E não se conhece lógica para o seu combate. Como impedir que algum “robô” saia com gasolina e numa escolha aleatória, definir um veículo ou construção que encontre no meio do caminho, e provoque seu incêndio? – Essa possibilidade ainda nem foi examinada….

E o Ministro da Justiça que chegou atrasado até para ajudar no combate as cinzas dos incêndios (segundo a picardia de um blogueiro paraibano), imagina resolver esse problema com a liberação de R$ 100 milhões carimbados para a conclusão de obras paradas na área de segurança.

LINHA DE GOVERNO

A palavra da governadora Fátima Bezerra não deixa dúvidas sobre a prioridade do seu Governo em relação ao motim:

“O nosso governo jamais compactuará com nenhuma medida de arbítrio. Portanto, as denúncias serão investigadas pelo próprio governo. Nós temos feito um esforço grande aqui no sentido de avançar no que diz respeito aos projetos de ressocialização, na área de educação, na área de preparação para o trabalho, que inclusive é referência a nível nacional. E essas denúncias, por parte da governadora, o que caberá e será feito uma investigação profunda para saber se isso procede”.

Enquanto a ordem pública era comprometida pela ação de criminosos destruindo bens do Governo e de particulares, queimando veículos, atacando escolas e postos de saúde, a palavra do Governo é promover uma “investigação profunda.” – Contra os promotores da desordem?

Não. Contra aqueles que tem a obrigação de impedir a desordem e garantir a segurança do cidadão, que sofre grave ameaça nos seus direitos fundamentais.

OPÇÃO PELO CRIME

O Secretário de Administração Penitenciária mostra como é bem mandado. Ele confirma que, nem na emergência, a preocupação do Governo, em vez do restabelecimento da paz social escolheu outra opção, e citou duas reuniões.

Para identificar e punir os responsáveis pela desordem? – Não!

“Ele disse que “as providências estão sendo adotadas, e os fatos vem sendo apurados”.

Atos contra a população? – Não!

A prioridade é investigar eventuais violações contra os prisioneiros (que criaram o motim), a partir de cinco unidades de “privação de liberdade de potiguares, entre eles a Penitenciária Estadual de Alcaçuz” e divulgar um relatório. Mas, sem ter apresentado, ainda, um só ato concreto contra esta população carcerária, justificativa para o continuado ataque à população.

TODOS PERDEM

O Governo está perdendo a batalha da comunicação, não, apenas, pela informação inconsistente das ações de combate à desordem, calcada em percentuais ilusórios.

Não transmite a perspectiva de que esteja havendo uma investigação capaz de identificar os patrocinadores da desordem, com os nomes dos chefões dos ataques já conhecidos; da escala hierárquica adotada pelo crime organizado; e de sua ramificação por outros Estados.

Polícia é polícia, bandido é bandido. Não devem se misturar, igual água e azeite”, numa alusão aos policiais corruptos com os quais costumava lidar. Ele cometeu crimes no Rio de Janeiro, em São Paulo, Minas Gerais e Brasília e atuou ao lado de alguns dos mais perigosos bandidos da época.

Lúcio Vilar Lyrio, bandido carioca dos anos ´70, deixou uma frase que não está sendo praticada, agora no RN. Ele definia o óbvio: “polícia é polícia; e bandido é bandido”.

No julgamento do governo, fica parecendo que bandido é a polícia, mesmo quando desempenha do papel de combater o crime organizado.

Nesta segunda semana dos ataques, em todo o Estado, ainda é tempo de colocar as coisas nos sus devidos lugares.

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