POR ONDE ANDA DAMARES?
Entre os efeitos da pandemia, um não tem sido devidamente analisado.
O que causou à nossa ministra da Mulher, da Familia e dos Direitos Humanos.
Esquecida pela imprensa, longe dos holofotes, não fosse a notícia de rodapé, com a promessa que sua pasta acompanharia “de perto” o caso do menino preso num barril, acorrentado, seria até preciso consultar se a especulada reforma ministerial já não teria começado. Na surdina.
Quem sempre provocou polêmica pelos temas escolhidos e a forma como conduz as discussões, abster-se de opinar sobre os assuntos que têm eletrizado o debate, causa estranheza.
É de se imaginar que seu silêncio é para não revelar pensamento divergente da maioria negacionista do gabinete.
Quando se trata da pastora neo-pentecostal, o mutismo é preocupante e as especulações, inevitáveis.
Terá interpretado os livros sagrados e resolvido evitar transmitir ansiedade e pânico à população?
Não teria Damares lembrado a passagem bíblica de Cânticos em que o próprio Deus explicou a Salomão, os fenômenos que são confundidos como sinais do apocalipse?
“Se eu fechar o céu para que não chova ou mandar os gafanhotos devorarem o país ou sobre o meu povo enviar uma praga, curarei a terra se as pessoas se desviarem de seus maus caminhos.”
A reclusão de quase um ano pode ser a segunda fase da performance que começou com a memorável entrevista surdo-muda.
Quem haverá de saber o que se passa na mente inquieta que não possa devanear, tratar-se de exemplo eloquente de respeito ao isolamento recomendado pelos epidemiologistas?
Algumas oportunidades de afirmação do ministério com tantos e abrangentes campos de ação, parecem, foram perdidas.
Se não cuidar, corre o risco até da mudança de nome.
Ministra da Pessoa com Vagina.
As comunidades indígenas, as mais frágeis na resistência à doença continuaram expondo suas carências, sem a voz que tanto prometia ajuda e mudanças.
As adolescentes mães precoces, seguem somando os índices estatísticos sem apoio, sem ao menos servirem de exemplo para a divulgação do método contraceptivo mais eficaz.
A abstinência sexual não deve ter sido descartada somente na confiança que o distanciamento social resiste aos arroubos das paixões juvenis.
O esquecimento das pessoas com deficiências físicas e cognitivas, dos grupos prioritários para a vacinação, ainda espera uma lembrança de quem já esteve preocupada com doenças muito mais raras.
A esperança é que o recolhimento da Ministra Damares Alves seja um período de introspecção.
Que traga, no futuro próximo, ideias iluminadas e recomendações para o bem da humanidade.
A torcida é que a famosa goiabeira tenha recebido, de novo, a ilustre visitante.
Meras suposições levianas, que questiona o trabalho enérgico da Ministra.