6 de maio de 2024
Memória

PORES AÍ

Mykonos, Grécia

A certeza que não será o último e que no dia seguinte  tem mais, faz o momento tão especial reavivar memórias e acalentar sonhos.

Um espetáculo por natureza.

Traduzido para todas as línguas, tem sido apresentado em tudo que é país do mundo.

Em todas as cidades, das megamaiores às pequenas vilas e até quem sempre viveu isolado, não deixa de assisti-lo.

Não há estatísticas confiáveis mas acredita-se ser a atração mais vezes repetida em toda história.

O ator é o mesmo.

Nunca mudou.

Sem substitutos. Afastamentos, somente quando condições climáticas adversas, não permitem as apresentações.

O artista é intenso, irradia calor, preenche todos os espaços com seu brilho.

No palco,  ofusca quem está à sua volta.

Só quando encoberto e enevoado,  não comparece. Na coxia,  sua ausência é lamentada.

Nos lugares tíbios, planos são feitos para aproveitar ao máximo sua presença na aguardada próxima temporada.

As reestreias, concorridas, são comemoradas com  festas, danças, bebidas e comidas especiais.

O preparo de cada  performance leva o dia todo mas  a mostra, em si, só alguns minutos.

Resume-se a uma única cena com ares de despedida.

Evoca os mais recentes acontecimentos  vividos. Alerta que tudo chega ao fim.

E sempre tem recomeço.

Que o que vem logo a seguir  também tem sua graça, encantos e mistérios.

E apesar de muitas vezes longa e escura, terá, igualmente, um final. Radiante.

Mostrada há milhões de anos, desde quando nem plateia havia, muda apenas de cenário e iluminação.

Em alguns teatros o espetáculo é rápido, concorrido. Sucesso de público.

Em outros, arrastado, como sequência de filme francês, parecendo não terminar. Daqueles que ninguém fica até o fim.

Pode ser substituído por apresentações de efeitos mais deslumbrantes, quais danças de luzes.

Vistos somente das poltronas mais nos extremos, quem já presenciou, não esquece o silencioso e suave balé em tons multicoloridos.

Apesar  de serem fiés ao roteiro original, críticos insistem em rotular alguns como sendo os melhores e mais bonitos de todos.

Acrescentada  ao espaço cênico, música  instrumental faz a diferença na percepção de quem assiste, merecendo todo o sucesso alardeado.

Até listas dos dez mais correm a blogosfera. E meio mundo,  em longas viagens,  quem quer  conferir se a fama é merecida.

Já foi deus.

Já foi rei.

Sempre foi astro.

De arrebóis.

Myconos, Jacaré, Arpoador,  Oia, Cusco, Saint-Michel, Potengi,  Guaíba,  Montjuic, Gálata.

Grand finales de quinta grandeza e eterna beleza.

Fazenda Barriguda, Lagoa d’Anta

(Texto publicado há quatro anos)

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