PORES AÍ
A certeza que não será o último e que no dia seguinte tem mais, faz o momento tão especial reavivar memórias e acalentar sonhos.
Um espetáculo por natureza.
Traduzido para todas as línguas, tem sido apresentado em tudo que é país do mundo.
Em todas as cidades. Das megamaiores às pequenas vilas e até quem sempre viveu isolado, não deixa de assisti-lo.
Não há estatísticas confiáveis mas acredita-se ser a atração mais vezes repetida em toda história.
O ator é o mesmo.
Nunca mudou.
Sem substitutos. Afastamentos, somente quando condições climáticas adversas, não permitem as apresentações.
O artista é intenso. Irradia calor e preenche todos os espaços com seu brilho.
No palco, ofusca quem está à sua volta.
Só quando encoberto e enevoado, não comparece. Na coxia, sua ausência é lamentada.
Nos lugares tíbios, planos são feitos para aproveitar ao máximo sua presença na aguardada próxima temporada.
As reestreias, concorridas, são comemoradas com festas, danças, bebidas e comidas especiais.
O preparo de cada performance leva o dia todo mas a mostra, em si, só alguns minutos.
Resume-se a uma única cena com ares de despedida.
Evoca os mais recentes acontecimentos vividos. Alerta que tudo chega ao fim.
E sempre tem recomeço.
Que o que vem logo a seguir também tem sua graça, encantos e mistérios.
E apesar de muitas vezes longa e escura, terá, igualmente, um final. Radiante.
Mostrada há milhões de anos, desde quando nem plateia havia, muda apenas de cenário e iluminação.
Em alguns teatros o espetáculo é rápido, concorrido. Sucesso de público.
Em outros, arrastado, como sequência de filme francês, parecendo não terminar. Daqueles que ninguém fica até o fim.
Pode ser substituído por apresentações de efeitos mais deslumbrantes, quais danças de luzes.
Vistos somente das poltronas mais nos extremos. Quem já presenciou, não esquece o silencioso e suave balé em tons multicoloridos.
Apesar de serem fiés ao roteiro original, críticos insistem em rotular alguns como sendo os melhores e mais bonitos de todos.
Acrescentada ao espaço cênico, música instrumental faz a diferença na percepção de quem assiste, merecendo todo o sucesso alardeado.
Até listas dos dez mais correm a blogosfera. E meio mundo, em longas viagens, quem quer conferir se a fama é merecida.
Já foi deus.
Já foi rei.
Sempre foi astro.
De arrebóis.
Myconos. Jacaré. Arpoador. Oia. Cusco. Saint-Michel. Potengi. Guaíba. Montjuic. Gálata.
Grand finales de quinta grandeza e eterna beleza.
Ao autor do texto, meus parabéns. Certamente fez o MOBRAL bem feito e não o “SOBRAL” como Lula fez.