4 de maio de 2024
Nota

PORTO ESPERANÇA

 

Cassiano Arruda Câmara – Tribuna do Norte – 15-02-23

O mundo vive um processo que visa diminuir, de forma gradual, o consumo de energia fóssil (não renovável) trocada por um tripo de energia limpa-verde-renovável, e o nosso Rio Reande do Norte já está vivendo essa nova oportunidade em razão de suas potencialidades como produtor de energia limpa.

Maior produtor de energia eólica do Brasil, o RN está vivendo intensamente a abertura dessa nova fronteira que será a produção offshore de energias renováveis em grande escala.

É preciso, entretanto, entender que para ultrapassar essa nova fronteira são necessárias algumas pré-condições, a primeira delas é a instalação de um novo Porto; e dois projetos (um já concluído e outro em elaboração) já estão na pista, cada um com suas vantagens e desvantagem.

Mas a situação exige uma solução rápida para que essa situação não seja perdida pela indefinição.

PROBLEMA MUNDIAL

O contexto atual exige de todos uma “redução rápida e imediata” contra as emissões de gases do efeito estufa (GEE) para evitar catástrofes ainda maiores do que as já observadas. E o mundo quer conhecer os que serão capazes de acelerar a redução de emissões e a transição energética no curto prazo.

Ainda bem que encontramos uma saída com as fontes de energias renováveis, e temos um estado no Brasil, que tem potencial de ser protagonista na produção de energia limpa para o mundo: – o nosso Rio Grande do Norte.

O RN, hoje, é considerado o maior potencial eólico do Brasil. Ele está em primeiro lugar em número de potência fiscalizadora (potência mensurada no momento de operação) de aproximadamente 7 GW. Para se ter uma ideia, 1 GW consegue abastecer aproximadamente 3 milhões de pessoas (quase a população do RN). O consumo total do estado precisa de pouco mais de 1 GW, ou seja, o que já sobra, tem potencial de gerar energia para outros 17 milhões de pessoas, o equivalente à população dos estados do Paraná, Espírito Santo e Tocantins juntos.

Nesse momento, alguns dos maiores produtores mundiais de energias renováveis já estão com projetos para o RN esperando receberem as licenças ambientais. Eles também  tem pressa, e o novo porto é condição indispensável para que essa nova realidade aconteça.

O PORTO DE FÁTIMA

Começa pela questão do Porto-Industria, como chama o Governo do Estado e SENAI. E o Porto Potengi (na verdade a ampliação do Porto de Natal) patrocinado pelo senador Jean Paul Prates, atual Presidente da Petrobrás, com enorme influência na hora dessa escolha ser feita.

Em se tratando de Rio Grande do Norte, o perigo é que a centenária disputa entre ABC X América, entre até na disputa do novo Porto que poderá  viabilizar as novas empresas que estão chegando. Aqui continua um contra o outro. Sempre contra.

A governadora Fátima, ainda no ano passado,  anunciou – com pompa e circunstância – o modelo a ser adotado pelo seu Governo, com a assinatura de um “memorando de entendimento” com a Nordex Energy Brasil, Comércio e Indústria de Equipamentos para a realização de estudos técnicos visando a instalação do porto-indústria no Estado, em Caiçara, e espera com ele garantir o  suporte a projetos de geração de energia eólica onshore e offshore, além da produção de hidrogênio verde.

No último dia de janeiro, o então senador Jean Paul Prates escolheu a Casa da Indústria (sede da FIERN) para apresentação de projeto “do complexo portuário Porto Potengi”.

O PORTO DE TODOS

A governadora Fátima Bezerra parece muito tranquila em relação aos recursos para construir o Porto Indústria. Ela tem uma história de 43 anos com Lula e o PT, para esperar o respaldo a quem, como ela, governa seu Estado; ao mesmo tempo em que Lula volta a ser Presidente da República.

Para as pessoas mais próximas da Governadora, a questão dos recursos para bancar a obra prioritária do Governo do PT no RN, é um assunto resolvido.

Tanto que ela já deu alguns passos, como o convite ao ex-secretário do Ceará, Antônio Penha, responsável pela implantação do Porto de Pecém, para tocar o projeto do Rio Grand do Norte.

Mas ainda não existem datas nem cronogramas para o início e realização da obra, sobretudo quando os grandes projetos de geração de energia estiverem com as licenças ambientais concedidas; e ninguém vai querer se arriscar a ficar na dependência de um elemento indispensável, como um Porto, nas imediações dos campos de produção, para começar a investir.

TEMPO DE DECIDIR

Suplente da senadora Fátima Bezerra, Jean Paul Prates, terminou se tornando uma grata surpresa na legislatura que foi concluída em 31 de janeiro. Ele aproveitou o resto do mandato de Fátima para se credenciar e conquistar a presidência da Petrobrás, mesmo representando um Estado de pouca expressão política.

Não esquecer que o RN, mesmo quando alcançou o posto de maior produtor de petróleo do Brasil em terra (onshore), e nos anos seguintes, nunca havia ousado – ao menos – pleitear uma diretoria da empresa.

Prates conquistou o seu espaço – no Senado e no PT – ao se mostrar como um especialista em petróleo e energias renováveis. Sua pregação sensibilizou a CNT (Confederação Nacional dos Transportes) que liberou R$ 2 milhões para custear os estudos do Porto Potengi.

Os dados estão lançados. É preciso que sejam examinados para que se busque o melhor para o RN no menor tempo possível. – Para que essa não venha a ser mais uma oportunidade perdida pelo nosso RN.

A esperança é o Porto.

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