PREPARANDO A VOLTA
A Organização Mundial da Saúde demorou a declarar pandemia, quando a infecção viral já acometia vários países.
Baseada talvez nas últimas epidemias respiratórias, restritas a algumas regiões bem delimitadas.
Isso enquanto recebia as contribuições do maior financiador, o país mais rico no mundo e não faltavam recursos para agir.
Sem precisar lembrar que um pobre país sul-americano desde o aparecimento dos primeiros casos, pediu formalmente que fosse declarado o alerta máximo global.
Vacilou.
Acreditou na mudança das estações, na força das temperaturas mais altas e nas distâncias medidas em oceanos.
Perdeu credibilidade.
Agora que a besta já menos brava, está quase domada, em muitos lugares é hora de reunir a comitiva pra seguir viagem. Sem o astrolábio da OMS.
Muitos ficaram para trás. Perdidos no caminho da volta.
Outros precisarão de mais tempo. Vão esperar pra ver se o perigo passou completamente, para depois encontrarem o destino.
A grande dúvida é quem vai dizer quais veredas podem ser seguidas, quem são e quantos caravaneiros farão parte de cada comitiva.
Para ninguém se perder no caminho da volta é bom ver os exemplos por aí afora.
A História registra que as quarentenas terminam em duas situações. Quando ninguém mais é acometido pela doença. Ou mesmo, ainda com registro de novos casos, as pessoas cansam do confinamento e voltam às atividades de antes.
Enquanto as terrassas das ramblas espanholas reabrem (com menos mesas), churrascarias gaúchas voltam a atender (sem rodízio) e as aulas da Universidade de Cambridge continuam sem interrupções (online, também por todo o ano letivo 2021), como será nosso retorno, é o que precisamos pensar.
Quem está no caralho (com todo o respeito náutico) já avista sinais de aproximação de terra firme.
Os Estados Unidos onde fábricas de carros passaram a montar ventiladores respiratórios e insumos médicos foram confiscados, já respiram sem auxílio de aparelhos.
Os navios-hospitais zarparam do porto de Nova Iorque, o de campanha já foi desmontado no Central Park e caminhões frigoríficos não são mais vistos nos estacionamentos antes reservados aos médicos.
Toda tempestade acaba. Ainda enfrentando ventos fortes, é tempo de planejar o retorno.
De identificar regiões que estão sendo menos acometidas. E começar por elas.
Depois que o bom senso bateu o centro, com a retomada das obras da barragem de Oiticica, tem que manter isso assim, viu?
E flexibilizar mais.
Liguem as luzes e acendam as pouquíssimas fornalhas das nossas poucas fábricas.
Reabram o comércio. Menos na semana do pagamento do programa meus 600, minha vida.
Voltem aos restaurantes. Com distância entre as mesas e atendimento sob reserva. Lembrem que a clientela idosa é a mais endinheirada e continuará no delivery.
Retomem as aulas. Com 20 alunos por classe. E merenda reforçada. Melhor aula dia sim, dia não que nenhuma. De barriga vazia.
Digam aos velhos, aos muito gordos, aos doentes e aos empresários do turismo que tenham um pouco mais de paciência.
Rezemos. Louvemos. Cantemos. Adoremos.
Logo tudo isso será passado. E saudade
A vida voltará.
Vitoriosa.