16 de maio de 2024
Nota

Presidente do PSB diz que governo Lula não ouve aliados: ‘ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir’

Lula, que não ouve Siqueira,  que não ouviu Motta

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirma que o conselho político do governo Lula “nunca funcionou” e que não vê o Palácio do Planalto aberto a sugestões da base aliada.

“Ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir conselhos. Na hora que o presidente achar que deve ouvir alguém, ele chama. É mais importante para ele do que para a gente”, afirmou o correligionário do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), em entrevista ao Broadcast Político/Coluna do Estadão.

Siqueira, porém, ressalta que o PSB está sempre disposto a ajudar o governo e faz elogios à condução da economia. “O [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad é uma boa surpresa no governo, tem dado um rumo à economia que muitos duvidavam que ele pudesse dar”, acrescentou.

O governo tem enfrentado queda na popularidade. Qual é a causa e o que o Poder Executivo deve mudar para reverter esse cenário?

Acho que o eleitor, seja ele de qual origem, está esperando coisas novas, cria novas expectativas, e o governo do presidente Lula, muito embora eu ache muitas coisas positivas, é uma repetição dos anteriores. Não é um programa propriamente novo, uma mudança que você diga assim: ‘Isso aqui é uma grande novidade’. Embora a reconstrução de vários programas seja importante, não nego isso, mas era preciso pensar um pouco em algo que pudesse ser, digamos, surpreendente para o eleitor.

Há abertura do governo para sugestões e conselhos do PSB?

Não, o conselho político nunca funcionou. Diferentemente de outros governos em que havia um Conselho Político. Isso não aconteceu. A gente só pode dar conselhos a quem pede. Ninguém pode dar conselhos a quem não quer ouvir conselhos. O PSB está aqui para ajudar e, mais do que dar conselhos, deve fazer as coisas bem feitas, e acho que está fazendo, onde for chamado a colaborar. Na hora que o presidente achar que deve ouvir alguém, ele chama. É mais importante para ele do que para a gente.

No ano passado, com a ida do ministro Flávio Dino para o STF, o PSB perdeu espaço no governo. Caso haja uma nova reforma ministerial, a legenda vai pleitear novos ministérios?

O PSB, diferentemente de outros partidos, não apoia o governo porque tem ministérios. Fizemos todo o esforço possível para garantir a eleição do presidente Lula, fomos o principal partido, depois do PT. Depois da eleição, o presidente decidiu colocar três quadros importantes do PSB nos ministérios. Mas não estamos apoiando por essa razão. Estamos apoiando porque queremos melhorar a qualidade da democracia, queremos ajudar para melhorar a qualidade do governo também, queremos que o governo dê certo. Agora, isso não é uma visão acrítica. Concordamos com algumas coisas e discordamos de outras.

Fonte: Estadão

TL COMENTA

Sobre não ouvir aliados o presidente do PSB fala com conhecimento de causa.

No Rio Grande do Norte, mês passado, Siqueira mudou o comando do partido porque o ex-deputado Rafael Motta não quis seguir a determinação nacional (de Siqueira) de apoiar a candidatura do PT à Prefeitura de Natal com a deputada Natália Bonavides .

A postura autoritária de Carlos Siqueira terminou com a saída de Motta para o Avante e o anúncio prévio de apoio incondicional ao PT de Natal em troca de  apoios ao partido em outras capitais do país.

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