PRIMEIRA REVISÃO DE ESTUDO DUPLO-CEGO
Abalizados cientistas políticos, comentaristas isentos, influencers e pitaqueiros, são unânimes em reconhecer que na eleição da pandemia, ganhou a velha política.
A nova, havia morrido na de véspera.
O modelo prometido, com expectativa de vida longa, não vingou.
De novo na crista da onda, dernier cri, as mesmas roupas de sempre, ditadas por quem determina como serão as tendências.
O Centrão da moda.
Não é esta a única contribuição do coronavirus para a democracia.
Como ninguém estava mesmo entrando em acordo sobre a imunização de rebanho, foi entregue de bandeja aos cientistas, o maior estudo já feito sobre uma doença, em todos os tempos.
Os dados fazem parte de um trabalho clínico com dupla ocultação. Randomizado e prospectivo.
Com populações parecidas, os estados da Paraíba do Norte e do Rio Grande tiveram campanhas eleitorais diferentes.
Os tribunais escrutinadores divergiram e variaram as doses de liberação das aglomerações.
Um ano depois, os dados podem ser analisados.
Em pleno pico da segunda rodada de contaminação, um estado liberou geral; o outro não autorizou comícios, nem passeatas.
As observações, passado o crivo do tempo, não deixam dúvidas.
Não houve diferenças significativas entre os dois grupos, mas só no que toca aos índices de contágio e transmissão do vírus Sars-Cov2.
Os que aglomeraram, formaram o contingente que mais contribuição deu para o repertório das disputas partidárias, acirramento de ânimos e inimizades gratuitas.
Carreatas transformadas em desfiles de carros alegóricos, consolidação do hit, o homem (mas pode ser a mulher) disparou, e a grande novidade das lambadas-denúncias, que ameaçam fazer parte do calendário oficial de xingamentos.
De uma campanha contida, silenciosa e bege, não sairia nunca, a primeira vereadora transgênica e não teríamos conquistado mais este marco histórico, onde o voto feminino foi primeiro.
As curvas de contágio e as taxas de transmissão, comparadas, auditadas pela CPI do Senado, não mais permitirão que os comitês científicos venham no futuro, sugerir a proibição da festa democrática e os ajuntamentos cívicos.
Os que se debruçarem sobre os gráficos, poderão comparar os números da pandemia com os da guerra partidária, e haverão de concordar que entre vitoriosos e derrotados, o que prevaleceu foi o pensamento do Dr. Ulysses Guimarães:
“Sou louco pelo poder, seduzido pelo poder e é para isso que eu vivo.”