3 de maio de 2024
Coronavírus

QUANDO A CIÊNCIA FALHA

AB0BC39E-6490-48C1-9331-50A58C0D6F3D

Se o entendimento não é alcançado, para evitar brigas e encurtar a arenga, nada como recorrer aos sábios, doutores das artes e das leis e até aos universitários.

A verdade sempre vence a dúvida.

Há um ano, já avistando o tsunami aquém do horizonte, a fé se amarrava em correntes de orações e promessas a cumprir quando bom tempo voltasse a fazer.

Notícia boa era garimpada  onde só havia pirita e desalento.

Entre tantos curandeiros, adivinhões e neo-cientistas, uma boa nova, vinda da matriz, vinculada no mais famoso jornal do mundo, foi um sopro de otimismo e a última esperança que os negacionistas, pelo menos daquela vez,  estivessem certos.

Um estímulo  positivo para quem acompanhava de longe os relatos de destruição e medo.

Deu no NYT.

Dois pesquisadores do MIT  (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), acabavam de publicar um trabalho sobre influência do clima na propagação da pandemia.

Como todas as viroses respiratórias, a COVID-19 teria predileção pelos ambientes frios.

Doenças que começavam no hemisfério norte, ao cruzarem a linha do equador, já vinham atenuadas e transformadas em resfriados e não resistiam às mezinhas que nossas avós ensinaram.

O ritual era ciência pura, rezada numa das mais suntuosas catedrais do conhecimento.

As fronteiras, cercadas e protegidas pelo big stick do arrogante presidente, estariam ainda mais invioláveis pelo verão que se anunciava.

A temporada de calor,  prevista para  começar  antes que a contaminação aterrissasse no JFK Airport, seria recebida com festa de liberdade.

Todos entrariam em férias e tudo seria como sempre foi.

O profeta Frank Sinatra continuaria invicto.

Ninguém cantaria modinhas de ninar;  o topo do mundo nunca cairia no sono.

Para quem vive nos trópicos, com invernos sem agasalhos, as altas  temperaturas e baixa umidade na maior parte do ano, macaquear mais uma novidade do irmão mais rico, desta vez,  era um bálsamo.

Os sábios de Cambridge, infelizmente estavam completamente equivocados e redondamente errados.

Não contavam com a astúcia do invasor.
Nem com as suas mutações, cepas e variantes.

Na Ásia, não arrefeceram na estação das monções.

Os ventos  e as  chuvas torrenciais não afastaram o intruso invisível.

Aqui, debaixo de baixo, a floração das craibeiras foi sinal ignorado.

O clima semiárido das nossas estepes e caatingas não impediu o domínio alienígena.

Vieram de mala e cuia e se aboletaram onde bem entenderam.

Há um ano, não faltavam sabichões para, entre erlenmeyeres, buretas e outros frascos de  laboratórios, em poses apocalípticas, pontificarem que passariam  dez anos antes que a vacina pudesse  ser aplicada.

Ainda bem que cientistas também erram. A favor da gente.

Vacina, já!

8A41927B-3272-4D90-B799-2DFD6026F092

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *