1 de maio de 2024
Business

QUERIDO, VOLTEI

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Quem nunca teve problemas com a alínea 11, que assine o primeiro cheque sem provimento de fundos.

Os nascido sob os signos dos docs e teds, nutridos com transferências online e pixs, nunca terão a sensação (e o frio na espinha) de receber, de volta, um envelope do banco com um cheque cheio de carimbos no verso.

Antepassados dos cartões de crédito e débito, os substitutos da moeda em espécie e papel, eram companhias tão frequentes como são hoje,  os telefones celulares.

Ninguém saia de casa sem dois acessórios.

Um pedaço de tecido, de cambraia de linho ou popeline, de 30 x 30 cm e os talonários com as ordens para pagamentos pessoais.

Os vovôs dos hackers, golpistas e trambiqueiros por traços genéticos, já faziam misérias com aquelas tiras de papel. E com a boa-fé e a ingenuidade dos crédulos,  caídos em  conversa bonita e fiada.

Comerciantes eram divididos entre os que recebiam e os que proibiam a aterrissagem dos voadores em seus balcões.

Os borrachudos foram estudado às minúcias, dissecados, como insetos fossem.

Contam que traficavam no contrabando, vindas do Japão (antes do domínio chinês sobre as bugingangas a 1,99),  canetas de tinta evanescente que desaparecia nas longas filas,  antes que  o cliente chegasse ao guichê de pagamentos e recebimentos.

O folclore registra o caso de empresário e chefe político cuja rubrica era tão reduzida, que aposta no canto inferior,  com a manipulação das muitas idas, vindas e devoluções, tornava-se ilegível.

E apócrifo, o bate-e-volta.

Os frios (e mal calculados) foram sucedidos pelos especiais.

Com garantia de pagamento até um determinado valor, os bancos compensavam os avanços,  em crédito automático,  com cobranças amigáveis de escorchantes juros.

Para que se evitasse a volta do boêmio, todo cuidado era pouco.

Por diferença de centavos, o bumerangue estava de novo nas mãos do lançador como um cururu expulso a vassouradas.

Os rejeitados e desonrados viraram sinônimo de coisa sem valor.

Faziam de quem os recebiam, otários.

E os emitentes, xingados à quarta geração, mais do que filhos de origem pouco recomendável, portadores de rebuscados apêndices ósseos na testa.

Não havia vergonha maior que o humilhante título de passador de cheque sem fundo.

Nas acertos dos honorários médicos, sempre surgia a necessidade de encontro de contas entre colegas.

Com um inesquecível desencontro, passados   quarenta anos.

A procedência confiável permitia o repasse do dinheiro provisório para outrem, mormente, se familiar próximo.

A mãe do chefe da equipe urológica manteve,  por meses, a relíquia não aceita pelo zeloso escriturário II, depois de consultado o sub-gerente do Banco do Brasil.

Até que o assunto,  perdas  em valores monetários irrecuperáveis, surgiu numa conversa  de almoço dominical de filhos e netos.

O lamentável engano de quem não se esperava, revelado com timidez maternal, foi esclarecido e devidamente  desfeito depois  da necessária correção  monetária.

Outro checão,  preenchido após  verificação cuidadosa das somas e subtrações anotadas no canhoto, restabeleceu a honra e o crédito do amigo.

Daquela vez, só por precaução, descontado na boca do caixa.

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