12 de maio de 2024
Política

RASPUTIN CABOCLO

Grigori Rasputin (2012) – Sergey Levin – Galeria de Arte Levin, Tel Aviv, Israel


Há um ano, uma figura tão interessante quanto misteriosa, cruzou as fronteiras deste
território livre e aberto a todos os assuntos, ao tentar forçar a participação na mais longa e inútil das CPIs.

Agora, às vésperas das eleições e no meio de mais uma crise provocada por incontinência verbal cronificada, na queda de braço entre os poderosos, sua sombra volta a ser avistada sob os arcos do Palácio do Planalto.

Se Victor Frankenstein e Cesare Lombroso tivessem de criar juntos, uma figura para personificar quem está sempre nas coxias dos teatros da política, teriam dificuldades, tantas são os modelos que se repetem ao longo dos tempos.

Protagonistas,  personagens secundários, vilões, figurantes.

Os estereótipos de sempre.

O cenário não seria problema. Qualquer lugar para onde convergem os poderosos e levam junto, seus interesses, intrigas, paixões, tramas e mistérios.

São Petersburgo/Brasília.

O cargo, o de mando. De quem detém o poder. Herdado, conquistado por guerra ou voto.

Czar/Presidente.

Nome de santo protetor ou craque de futebol.

Nicolau II/Jair Messias.

A força da réstia que vem  da alcova.

Alexandra/Michelle.

A família que acompanha, divide e tumultua o comando.

Romanov /Bolsonaro.

Há 112 anos/Hoje.

Criaturas de mesma fôrma aparecem do nada e de repente, garantem lugar no pequeno círculo das decisões.

Agem da mesma maneira, com jeito peculiar, inesperado.

Aproximam-se dos que chegaram onde eles gostariam de estar mas sabem, nunca conseguiriam.

São alquimistas, mestres na transformação dos seus desejos em ações de quem faz por direito ou autoridade.

Esperaram a hora certa da aproximação.

A planície. A entressafra. O repouso do guerreiro. A perspectiva do poder.

Depois, lembram sempre o que viveram juntos. Dias menos certos. Angústias.

Horas de tensão. Momentos de perigo.

Conquistam a confiança, a  gratidão e a intimidade das famílias.

Aceitam tarefas que outros rejeitam.

Tornam-se imprescindíveis.

Prometem o quase impossível.

A cura dos enfermos. A tranquilidade d’alma.

O livramento da hemofilia. E do processo judicial.

Despertam inveja, atraem adversários, conquistam inimigos.

Formam seus pequenos exércitos de mercenários.

Alguém tem de fazer o jogo sujo. Conhecem quem faça.

Ou eles mesmos, o fazem.

Sabem que as pessoas têm preços. E qual é o preço de cada uma.

Quando necessário, por mágica, ficam invisíveis.

O silêncio fala por eles.

Recorrem ao além. Se preciso for, até ao inominado.

São milagrosos, místicos, gurus, visionários, guias, profetas.

Charlatões.

Nas sombras, resistem.

Os palcos iluminados, os holofotes e a magia dos picadeiros são tentações irresistíveis.

E a perdição, inevitável.

Às luzes da ribalta, perdem todo o falso brilho.

Grigori Rasputin e Frederick Wassef foram feitos do mesmo barro.

Ele já se foi                                                                             Sergey Levin nasceu em Murom, na Rússia em 1952 e está radicado em Qiryat Gat, Israel

One thought on “RASPUTIN CABOCLO

  • Maria das Graças de Menezes Venâncio

    Até bacana. Mas, estou aqui para fazer um teste se você recebe as opiniões que dou. Na volta aparece sempre como comentário repetido. Boa início de semana para vc. Meu compromisso hoje é com Lampião e uma série ótima. Imagino se acontece aqui no RN e no Brasil O retorno ao passado.Se vc gostou de Agata Christie assista. Mistérios. “Grand Hotel Pera Palace”. Ficava e fica em Istambul.

    Resposta

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