2 de maio de 2024
Saúde

RÉQUIEM JÁ QUASE ESQUECIDO

Os Aleijados (1568) – Pieter Bruegel, o velho – Museu do Louvre, Paris


Há quatro anos, nesta nesga de Território Livre, o acompanhamento da aflição de um hospital apresentava sugestões, não aceitas, para a manutenção das suas atividades,  reconhecidas pelo
Sindicato dos Médicos, como um grave erro.

Serviços e hospitais são fechados, com uma ou outra reclamação (só pra cumprir tabela), sem muito choro e pouca vela.

Depois, caem no esquecimento. E como dizem os yankees: that’s it.

Não se fala mais nisso, nem naquilo.

Nem em imprudência; muito menos, negligência.

A agonia e morte lenta do Ruy Pereira, provocada, sem direito a eutanásia, por falência múltipla dos órgãos e descaso, permanecem sem autores.

Responsabilidades diluídas em porções infinitesimais e esquecidas pelo senhor da impunidade, o tempo.

Trágica ironia para lugar que trata doenças vasculares.

Veias abertas.

Exangue.

Agora, Maria Preá e Inês também estão mortas.

Como todos, o  contrato de aluguel previa que o imóvel ao ser devolvido, deveria estar nas mesmas condições das  recebidas.

Quem nunca deu uma mãozinha de cal antes de entregar uma casa alugada?

Não foram os proprietários, os causadores das avarias e não eram eles os responsáveis pela manutenção do edifício.

Os equipamentos médicos, que tiveram os valores dos aluguéis reduzidos, seguindo tabelas de depreciação e obsolescência, precisavam reposição.

O pau  dá em Chico e em Francisco.

No imóvel, imaginava-se que antes da devolução, o estado-locatário iria recuperar tudo que o uso, o desgaste e o tempo provocaram.

E que  as instalações físicas voltariam ao que  eram e como foram  aceitas e aprovadas pelos órgãos fiscalizadores.

Há 14 anos.

Quem irá responder por improbidade sobre os  prejuízos causados aos usuários e à equipe multidisciplinar que já tendo ultrapassado a curva de aprendizagem, atingira o tempo da afinação, depois  fatiada em pedaços e destroçada?

Os mesmos recursos que seriam gastos para cumprimento das cláusulas do distrato da locação, não poderiam ter sido utilizados para continuar a tratar pés diabéticos, revascularizar pernas trombosadas e salvar vidas?

O Misantropo (1568) – Pieter Bruegel, o velho – Museu Nacional de Capodimonte, Nápoles, Itália

 

 

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