RESPOSTAS AO VENTO
O isolamento social afasta a pandemia das certezas científicas estabelecidas e aceitas.
Relatos de avistamentos de naves fora dos padrões aeronáuticos terrestres têm sido mais frequentes.
Sempre vindos dos Andes ou de outro misterioso lugar propício para introspecção e viagens interiores.
Se eram ou são os deuses astronautas, permanece a incerteza.
Relatórios secretos dos órgãos de segurança são divulgados com delays de décadas.
Confissões e testemunhos às vésperas da última viagem, reveladas.
A dúvida não cala.
A humanidade sempre acreditou que os problemas do planeta seriam resolvidos com intervenções externas.
Nesta matéria, até que revoguem a lei da gravidade e todos os decretos aerodinâmicos, o que não é fake, não é fato.
A não ser para os já abduzidos que tiveram a ventura de voltar ao vale de lágrimas.
Não são poucos os que procuram vida inteligente além da estratosfera.
Relatos de avistamentos de objetos voadores não identificados e de seus tripulantes são encontrados em toda parte.
Muito antes do fabuloso vôo que Wilbur e Orville Wright fizeram por inacreditáveis 37 metros.
Contatos sempre com seres diferentes mas ainda parecidos.
Humanóides.
O que leva à conclusão que o modelo é bom.
Os defeitos surgiram com o uso inadequado, para outros fins, não previsto pelos fabricantes no projeto inicial.
A imaginação voa à velocidade da luz.
A ficção se encarrega do resto e de levar para telonas e telinhas, episódios edificantes, sombrios, devastadores, atemorizantes, poéticos.
Do bem e do mal. Todas, histórias fascinantes.
A mais famosa conta que em 1947, em Roswell, uma cidadezinha perdida no deserto do Novo México, uma nave alienígena teria caído no areal.
Mortos, sobreviventes e os restos da fuselagem foram recolhidos por militares.
O caso foi inscrito no livro dos grandes mistérios. Evidências escondidas em bases secretas e arquivos subterrâneos.
Há 40 anos, na pequena Casimiro de Abreu a 140 kms do Rio de Janeiro, um senhor de aparência comum, vindo não se sabe de onde, com sotaque nordestino, anunciou a chegada próxima, de uma nave de jupiterianos que fariam os primeiros contatos com os terráqueos e suas autoridades.
O local previamente marcado, como se os visitantes dispusessem de GPS (que ainda não havia sido inventado em nossa dimensão), em uma fazenda, foi logo cedido, limpo e aplainado.
O prefeito preparou recepção oficial e o presente de boas vindas.
Sem ao menos saber se os hóspedes tinham o hábito da leitura, embrulhou em papel laminado festivo, uma enciclopédia. Inteira.
O adiamento do pouso, atribuído à invasão da área pelos curiosos, gerou frustração e quase acaba em pancadaria.
O profeta faleceu poucos meses depois, de complicações do diabetes.
Um nova data para a abortada visita nunca foi marcada.
O mundo não seria transformado a partir do país abençoado pelos deuses da espaçonave e bonito por natureza.
Maltratado, descuidado, superpovoado, cheio de conflitos e problemas no sistema de arrefecimento, em trajetória errante e destino ignorado, o planetinha ainda desperta interesse nos outros mundos mais evoluídos.
Divisões culturais, religiosas e outros interesses impedem que a mensagem clara e objetiva, que vem sendo transmitida há um ano, seja entendida.
Poucos lembram o que canta o adivinho Bob Zimmermann, há muito tempo.
Está soprando no ar.
Que depois da pandemia, venha a bonança.
E uma vida mais simples e mais longa.
Em paz.