RIO-SÃO PAULO
Quando somente dos clubes das duas maiores cidades saiam as seleções brasileiras, era obrigatória a torcida pelos times dos craques.
Um apartheid no esporte bretão não deixava misturar os famosos com os pernas de pau que nem se apresentavam nos palcos mais iluminados.
Passadas décadas e tantas reformulações táticas, ainda é calculado o número de torcedores à distância.
A eleição que ainda não acabou de ser dissecada por analistas políticos e esmiuçada pelos politiqueiros, está ressuscitando antigos duelos.
Atenções voltadas para o outro torneio Roberto Gomes Pedrosa.
Quem já passou a régua na prima volta e gosta da fruta da perdição, procura um candidato remoto para chamar de seu.
O saldo do peneirão em vez de facilitar, complicou mais ainda a chacrinha e a escolha na grande final de 29 de novembro.
Quem está acompanhando a movimentação de longe, vê que foi apontado o novo caminho que passa pelo movediço território das terras do centro.
A vez de São Paulo ser gauche na vida, ainda não está tão próxima como cantam os menestréis em suas lives solidárias
O invasor das propriedades privadas amansou o espírito ocupador e conseguirá facilmente ser deglutido pelas esquerdas, incluída a caviar.
Morumbi e Paraisópolis continuarão lado a lado, divididos por um muro invisível.
Os vitoriosos de dois anos atrás, depois do corrosivo processo de autofagia, se quiserem participar do jogo, terão de chegar para a seringa da vacina chinesa e aceitar a convivência pacífica com os almofadinhas quatrocentões.
E de novo, vão juntando mais roupa suja pra lavar na próxima invernada.
No Rio, o avesso do avesso.
Armados até os dentes, os girondinos, milicianos, crentes e simpatizantes, seguirão o pastor que não tem conseguido manter o rebanho ao abrigo das tormentas.
Órfã de candidatos, a esquerda ensaia uma aproximação encabulada ao inimigo do inimigo mortal.
Para livrar tanto encosto e afastar toda mandinga, nada que um bom banho de arruda com sal grosso não resolva.
O recado das urnas foi dado e o portador não merece pancada.
Bola pra frente, sem esquecer que o jogo é de campeonato municipal.
A participação dos maiores líderes dos extremos, indetectável no período regulamentar, deverá continuar dispensável nos acréscimos.
O PT, desidratado e longe das verbas público-privadas, volta a ser mais um e terá que dar um trato nos antigos chavões.
Um bom começo, voltar a falar em união, depois de ter provado a amarga máxima que a ‘esquerda só se une na cadeia’.
Sem partido, sem destino, desiludidos com os generais, os bolsominions se misturam ao exército de mercenários na esperança de chegarem ao rubicão.
É preciso estar atento para o desfecho desta festa.
Pode ser a gota d’água para 2022.