9 de maio de 2024
Política

SALVEM NOSSAS FORÇAS AMADAS

Os Três Crânios (1898) – Paul Cézanne – Instituto de Arte de Detroit, EUA


A turma que trocava receitas de pontos de crochê, não  custou a se encontrar com a geração mais jovem das tias do zap, nas portas dos quartéis.

Novas amizades aumentadas em reuniões depois do mormaço, na boquinha da noite, para a romaria em intenção de todos os santos que livrassem o país do comunismo ateu,  e as famílias, da destruição pagã.

Todo dia, vira hábito, e até naqueles em que os guarda-sóis aposentados do insalubre trabalho nos veraneios, não resistiam às chuvas que fechavam a primavera.

Fez do segundo lar, quarto arrumado de neto que já descobriu outras delícias e camas mais macias, longe da velha casa resistente às invasões dos exércitos de corretores imobiliários.

Cafezinho trazido em térmicas das novas coleguinhas, esquentaram as discussões políticas.

Nossa bandeira jamais será vermelha.

Notícias bombásticas, desertadas por cima dos muros insensíveis,  no dia seguinte já estavam juntas com as frutas apodrecidas, e jogadas no mesmo lixo.

Disciplina como a que enxergavam de longe, nas ordens e respostas varonis dos bravos oficiais e  soldados,  preparados para qualquer guerra.

O desânimo nunca chegava, mesmo que o tempo continuasse com pressa,  à espera  do aceno, e a senha tão sonhada: ordinário, marche.

Decepções acumuladas, silêncio de quem se fez surdo aos pedidos de socorro e insensível aos cantos entoados com tanto amor, pela pátria de todos.

A última cartada, na longa viagem até o acampamento federal.

O último ato, simbólico, de tomada pacífica dos três poderes, fora do controle, por gente estranha, travestida de patriota.

Recolhida entre os escombros, amargou cinco horas de tortura drive-thru, num pau-de-arara midiático, armado nos ônibus da ditadura judiciária; sede e fome, sem direitos, nem mesmo o da privacidade sanitária.

Na humilhação do cárcere improvisado, não deixa de pensar o que lhe reserva o futuro, em arrastados processos, divisão da pensão com advogados e a certeza que no final desta história, só restará para sempre, o que ficará  gravado na bandeira profetizada  que tanto defendeu.

                      Independência ou Morte

Mulher Velha com um Rosário (1896) – Paul Cézanne – Galeria Nacional de Londres

One thought on “SALVEM NOSSAS FORÇAS AMADAS

  • GERALDO Batista de Araújo

    Texto de quem entende de política sem politicagem. Assino em baixo.

    Resposta

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