2 de maio de 2024
CoronavírusMedicina

SOLON VIVE!

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Crítico mordaz das relações de trabalho médico, o anestesista goiano, Solon Maia, graduado pela UFRN na turma de 2007, desenhista, cartunista, youtuber, resumiu em dois posts o maior problema que o médico brasileiro já enfrentou.

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O que se tem em Goiânia e Anápolis não é mais nem  menos do que se tem em Natal e Mossoró.

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No último concurso para intensivistas da secretaria estadual, há dez anos, nenhum especialista se inscreveu. A exigência do título teve de ser suprimida em novo edital.

A Covid-19 não para de mandar mensagens.

Só não entende, quem não quer.

Matem a charada.

Estádios de futebol transformados, às pressas, em hospitais.

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O texto acima, parte do post Respirando por Aparelhos, publicado em 24/03/2020, tratando da realidade das nossas UTIs, não teria como prever a saga enfrentada pelo seu principal colaborador.

Pertencente ao grupo de maior risco, médicos que fazem intubação endotraqueal, foi acometido da Covid-19.

Continuou postando os próprios exames e pedindo opiniões dos colegas.

Até a tomografia mostrar lesões em vidro fosco em mais de 50% dos pulmões.

Em 23 de dezembro, internado há 16 dias, o último contato e nas entrelinhas, a informação que iria  precisar de cuidados intensivos e do procedimento que tantas vezes fez e o contaminou.

Não houve trocas de mensagens natalinas nem desejos de feliz ano novo.

As notícias raras, os colegas de turma acompanhando de longe e o nome em grupos de orações de quem nunca havia esboçado um sorriso com o humor ferino dos Meus Nervos.

UTI, diálise, traqueostomia, nutrição parenteral, drogas vasoativas, transferência para centro médico mais completo.

Brasília, hospital de referência para políticos, magistrados e altos oficiais da burocracia estatal.

Tabelas do plano de saúde multiplicadas em cauções e pagamentos semanais.

Fabricia, cuidou das finanças.

Gastou tudo que o precavido marido, investidor disciplinado, havia aplicado em ações, CDBs e debêntures

Os amigos ajudaram, uma rifa vendeu todas as cartelas, o pix foi generoso.

A ECMO, oxigenação por membrana extracorpórea, a última fronteira da tecnologia da Medicina Intensiva, pediu música no Fantástico.

A baixa-mar era o prenúncio que a maré voltaria a encher.
As melhoras progressivas comemoradas em emojis de sorrisos e lágrimas de alegria; aplausos e mãos em preces digitais.

A preamar na volta para casa depois de cinquenta dias (quarenta, em ventilação assistida) foi uma festa celebrada pelos corações aliviados de tantos novos amigos que não se pode contar.

A torcida continua na certeza que a longa estrada da recuperação acaba em breve.

As tirinhas fazem falta.

Viva Solon!

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https://www.instagram.com/p/CMxDBoFDBOm/?igshid=1cz0b4ihhxtk0

 

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