2 de maio de 2024
Opinião

Somar e agregar é o que política do RN vai exigir

Roda Viva – Tribuna do Norte – 021122

Finalmente o quadro político do nosso Rio Grande do Norte, que havia – aparentemente – sido definido do ponto de vista eleitoral logo no Primeiro Turno, tem esse resto de ano para ser concluído.

A eleição de Lula para um terceiro mandato de Presidente vai complicando uma nova arrumação até de quem foi sacramentado pelas urnas de 2 de Outubro.

É o caso do senador Rogério Marinho, cujo “Plano A”, era de – voltando ao Ministério no frustrado segundo Governo Bolsonaro – e licenciado do Senado, criar um Governo Paralelo no RN e assumir a Oposição total a governadora Fátima Bezerra, contando ao seu lado com o Prefeito de Natal, Álvaro Dias.

Não se conhece ainda o “Plano B”, se esse existe, mas certamente este terá de ser desenvolvido a partir de sua atuação como Senador da República, priorizando a esfera nacional, sem os instrumento de ação do Executivo para chegar ‘as Prefeituras; uma estratégia que deu muito certo na eleição para Senador, tendo no meio um acordo tácito com a governador Fátima Bezerra, cujo resultado foi a  Chapa Famarinho.

FÓRMULA REPETIDA

Na verdade, a chapa Famarinho (Fátima para o Governo e Marinho para o Senado), vitoriosa em 99 dos 167 municípios potiguares, pode ter se desenvolvido sem a necessidade de nenhuma reunião formal com os dois candidatos eleitos, mas viabilizada por um terceiro personagem: o atual Presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ezequiel Ferreira.

O mesmo Ezequiel que já havia articulado agora um novo pacto de não agressão, já neutralizando Marinho nas conversas preliminares dos parlamentares da Oposição em busca de um rumo, quando se tentou antecipar conversas sobre a próxima eleição da Mesa da Assembleia.

A eleição de Lula, para o futuro imediato do senador Rogério Marinho coloca como alternativa o exercício do mandato federal , que deixa pouco tempo para ele se dedicar à  política estadual, assim como para qualquer detentor de um mandato federal. Hipótese que deixa o lugar de líder da oposição desocupado esperando o Prefeito de Natal, Álvaro Dias, um potencial candidato a Governador do Estado em 2026, que, para conquistar essa posição, precisa mostrar a cara como líder da Oposição contra Fátima; cabendo a Marinho um lugar de destaque no grupo político dos dois, que por todas as questões expostas aqui, só poderá ser exercida por Álvaro Dias, nesta configuração.

ARTIFÍCIO CONSTITUCIONAL

A proibição expressa na Constituição que veda a reeleição de presidente das casas legislativas, vem sendo contornada por um artifício que já está em marcha (nesse momento) a mesma que havia sido aplicada, há quatro anos, no início da presente legislatura pelo próprio Ezequiel, convocando as duas eleições para Mesa para uma mesma data.

Como ele cumpre mandato de Presidente numa legislatura, não pode ser reeleito para continuar no cargo, mas não existe proibição de que possa fazê-lo na segunda metade da legislatura.

Ezequiel é candidatíssimo a Presidente da Assembleia em 2025, não existindo impedimento que a eleição se processo logo agora. Ação que conta com a simpatia da governadora.

O segundo grande beneficiado da fórmula termina sendo a própria Fátima Bezerra, que pode cumprir o seu segundo mandato mais uma vez sem ter oposição legislativa, como aconteceu no ´primeiro mandato quando foi reeleita por WO, resultado marcado quando um jogo é disputado por um único contendor.  Aos deputados que não fazem parte da mesa diretora da AL, há a compensação de receberem o mesmo tratamento que é dado aos deputados da situação.

A dúvida é saber quantos, dos 24 eleitores da eleição da Assembleia, estão dispostos a vestir as cores da oposição e, sobretudo, pagar o seu alto preço, ficando fora das benesses dada aos amigos do governo.

SER OU NÃO SER OPOSIÇÃO

Quem mexeu nesse assunto, num possível movimento de oposição contra Fátima Bezerra foi o deputado Tomba Faria, reeleito agora, possuidor de alto conceito entre seus pares, respeitado como um político atuante, que cultiva a possibilidade de ser o próximo Presidente da Assembleia, como deputado de oposição..

Fora dos quadros da Assembleia, Tomba tratou o assunto com poucas pessoas, uma delas, o prefeito Álvaro, que não é um nome estranho à Casa que presidiu, e onde tem um filho, o deputado Adjuto Dias, um dos eleitores dos eleitores nessa eleição.

O discurso de pacificação do presidente Lula ainda é um ponto capaz de facilitar ou inviabilizar qualquer posição, uma vez que, se em nível nacional existe um Presidente da República interessado num amplo entendimento, como justificar um grupo local que defende o caminho da separação e da guerra permanente?

É preciso reconhecer que, em dois anos, haverá eleição municipal, com o término do mandato de Álvaro Dias que conseguiu ser reeleito em Natal e não se inibiu em defender o governo Bolsonaro, justificando pelos recursos liberados para a Prefeitura de Natal.

TRAVESSIA PARA TRANSIÇÃO

Como um todo, a política do Rio Grande do Norte está vivendo uma senhora transição, desencadeada pela aposentadoria de uma geração que continua sem substitutos; deixando tudo a favor do aparecimento de novos nomes que sejam capazes de desenvolverem os seus próprios projetos políticos integrando um sistema mais abrangente.

O X da Questão passa pela existência de partidos capazes de viabilizar os grupos que estão sendo articulados, dentro da perspectiva do próprio calendário eleitoral: 1 – Posse dos eleitos: 2 – Eleição da Mesa da Assembleia e 3 – Campanha municipal de 2024.

Ai já estaremos em 2026, quando se realiza a próxima eleição de Presidente da República, Governadores dos Estados, Senador e Deputados, como a grande chance para conquistar um lugar no novo quadro político do RN, então definido. Hoje já entramos numa grande travessia marcada pela agregação de forças, que vai premiar aqueles que aprenderam a somar e agregar, condições indispensáveis para ocupar um bom lugar no jogo político.

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