SUAVE É A COR
Na paleta de cores dos partidos políticos, a mais vibrante foi esquecida, na eleição da pandemia e do isolamento social.
Símbolo da luta das classes oprimidas, sempre foi a bandeira de representação dos movimentos sindicais, dos operários e dos partidos de esquerda.
Este ano, a campanha eleitoral mostrou um fenômeno que ocorreu em todo o país.
De nordeste a sul.
De Marília a Manoela.
Da Atlântica à Amazônica.
O vermelho desbotou.
Na poeira da pandemia, o espectro de luz de baixa frequência caminhou mais para a direita, em direção ao centro e se apresentou ao eleitor, em tons pastéis.
A miríade de siglas e as facilidades de convivência com a lei de fidelidade partidária, livraram a vinculação do voto disputado das ideologias dos seus agrupamentos provisórios.
No país da cara-coroa, vice-versa, cloroquina-vacina, mortadela-coxinha, lulalivre-lulapreso, na hora da apresentação aos eleitores, sete cores foram insuficientes para se diferenciarem uns dos outros.
Há muito se repete que os eleitos são sempre a imagem dos que os escolhem.
Nunca tão exato.
Tirando as caricaturas que teimam em aparecer, o photoshop é ferramenta que sempre ajuda.
Deve ser usado com moderação, sob risco do público-alvo não associar o nome à pessoa do retrato, retocado em excesso.
Nas peças publicitárias, a evocação do derramamento de sangue, se preciso fosse, a flâmula vermelha esteve resumida a um discreto coraçãozinho, uma quase invisível tatuagem na manga do vestido, representando a rebeldia que pode ser despertada a qualquer momento.
O corte de cabelo channel, o comportado tubinho em decote canoa, a maquiagem transparente, completada pelo colar h.stern, tornaram quase irreconhecível a candidata.
Em Porto Alegre, atribui-se à esta metamorfose, a performance no primeiro turno, da ex-deputada acostumada a ser vista de jeans surrados e camisetas de frases provocativas.
Lute como uma garota.
Com a força que perdeu depois da libertação do seu líder, primeiro, único e último, o partido que já se intitulou o maior do ocidente, também procurou, sem êxito, reconquistar os espaços pulverizados no arco-íris que esmaeceu depois da tempestade da ajuda emergencial do governo.
O fiel depositário do espólio do morto-vivo, que já arrenegara o encarnado no segundo turno da última eleição presidencial, enquanto espera pelo milagre da ressurreição (pela anulação da lava jato), experimentou novas tintas.
Se insistir, ganha apelido que a galera mais jovem sabe bem quem é.
Tinky Winky.
NR
- Este textículo contou com a colaboração do @instajoaoarruda.
- Quem nunca acompanhou um candidato, independente de partidos, que atire o último voto.
Espero que paulistas e portoalegrenses repensem e votem conscientes, em virtude das iminentes tragédias anunciadas!