1 de maio de 2024
Filosofia

TE CUIDA, PLATÃO!

Platão e Aristóteles em recorte da Escola de Atenas, de Rafael Sanzio


Se por um desses mistérios insondáveis da física quântica,
Platão  tivesse, na sua última viagem, avançado no tempo 2371 anos e aportado no país abençoado por Zeus e bonito por natureza, já teria embarcado  no primeiro trirreme de volta.

Ou recebido a visita dos homens de preto com ordens de busca e apreensão dos seus rolos de papiros.

Estaria suspenso da rede social Diálogos, seus dracmas congelados e a caminho da Papuda pra encarar uma cana preventiva.

Tudo porque o discípulo de Sócrates andou espalhando aos quatro cantos que a Democracia não é a brastemp que o supremo ministro anda careca de repetir qual mantra.

O guru de Aristóteles  não tinha esta ideia fixa.

Para ele, o papo de melhor regime de todos era sonífero para fazer dormitar bovinos.

Platão previu que os  pregoeiros dos mercados de secos e molhados sofreriam mutações e acabariam marqueteiros, gente capaz de transformar qualquer candidato ensaboado, de preferência, boa pinta, falastrão e bem embalado, em estadista.

E que o governo do povo, pelo povo e para o povo, sempre acaba em anarquia ou frege.

O reitor da Academia de Atenas também não confiava nos monarquistas e à boca pequena os chamava de tiranos.

Para ele, quem podia melhorar a vida de todos, o povão e até das mulheres, eram os aristocratas.

De preferência, os do gênero oligárquico, num governo exercido pelos melhores e mais sábios, escolhidas não pelo voto dos cidadãos, mas por um processo que qualquer coach chama hoje de meritocracia.

Aos guardiões seria permitido um mínimo de pertences pessoais, sem contar terras, casas nem bigas oficiais.

Receberiam  um salário modesto, desprovidos de penduricalhos e auxílios-toga.

Não poderiam  constituir família, mas teriam direito a consortes coletivas, uma puta mordomia.

Só chamando Diógenes de Sinope para encontrar entre os políticos  do Centrão, um ‘filósofo-rei’ que venha salvar nossa República de Bananas.

 

Escola de Atenas (1510) – Rafael Sanzio – Afresco do Palácio Apostólico, Vaticano

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