13 de maio de 2024
Política

TORCIDA FRUSTRADA

Mira que bonita era (1895) – Júlio Romero de Torres – Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri


O assassinato do ex-primeiro ministro japonês
Shinzo Abe, a pré-renúncia de Boris Johnson e o incidente em Foz do Iguaçu, trazem à lembrança o artigo de Hélio Schwartsman publicado há dois anos nas  páginas da Folha de São Paulo.

”Porque torço para que Bolsonaro morra.”

Na época, o título chamou a atenção muito mais que o conteúdo.

Sem adjetivos que indicassem sentido figurado,  a palavra final mostrava seu peso, na  carga de tabu que a velha senhora carrega sobre ombros encurvados.

Já disseram que a libitina é a responsável maior pela Filosofia,que só existe por sua causa, certeza e enigmas.

O que foi  externado no polêmico artigo, entendido como ódio, continuou sendo destilado nas redes sociais, acrescido de multiplicados e repetidos motivos.

O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior.

A justificativa ética, a mesma das antigas religiões e modernos fanatismos, aceita e acredita nos poderes do sacrifício humano, mas não foi acolhida, nem se fez realidade.

A doença do Presidente , motivo do desejo mórbido, foi branda e a convalescença, curta.

Não houve sequelas, nem mudanças no comportamento do recuperado.

Mundo afora, os responsáveis pela enfrentamento do inimigo  comum começavam a ser avaliados pelo voto popular, antes do julgamento da História.

Donald Trump, o mais poderoso de todos os homens, acabou substituído contra as previsões, derrotado pela própria arrogância e cegueira científica.

Para nós, o novo tempo de planejar a restauração chegou, sem que surgissem novidades na  troca do condutor.

Todas as pesquisas pré-eleitorais desanimam os que acreditavam que  o próximo mandatário seria um  moderado que  pudesse encurtar distâncias entre extremos.

Que não atiçasse ainda mais o fogo das paixões que continuam queimando as últimas esperanças.

Que soubesse usar unguentos  para cicatrizar as feridas abertas nos seios e nas almas das famílias.

A premonição e o exemplo que vinham do norte perderam-se no imenso triângulo das bermudas que nos separa e afunda num mar de insensatez.

Quatro anos depois de deixar o cargo, Barack Obama contava 60.

Os democratas não tinham um candidato com maior potencial de votos, mesmo assim foi encontrada uma terceira via, no secular  sistema eleitoral de apenas dois partidos.

O adversário já havia sido derrotado de  véspera,  pelo despreparo, descontrole e teimosia.

Por que insistimos em seguir  o rastro dos vizinhos mais próximos, e que já  perderam o rumo?

Consciência tranquila (1897) – Júlio Romero de Torres – Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri

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