UM MODELO PARA O RETIRANTE
Depois de abusar do jus esperneandi, sem comprovar fraude eleitoral, Donald Trump não participou das cerimônias de transmissão do cargo, mas deixou uma carta, no escritório do salão oval, para Joe Biden.
Deixar uma nota para o sucessor é uma tradição que começou na transferência de poder entre Ronald Reagan e George Bush.
O Presidente Bolsonaro, além de não ter reconhecido a derrota, tem dado sinais que não pretende transferir a faixa ao antigo colega de parlamento, não aponta a intenção de deixar um bilhetinho sobre o birô do terceiro andar do Palácio do Planalto.
O secular costume do derrotado preceder ao discurso do vitorioso, faz parte da grandeza da democracia americana.
A oportunidade do agradecimento aos eleitores, às equipes de campanha e aos voluntários que participaram da luta que foi vencida.
O reconhecimento da derrota também pode ser a oportunidade do candidato mostrar sua real envergadura.
Sinaliza o espaço que vai ocupar nos livros de História.
Para Trump, a aceitação da derrota teria sido bem menos traumática se espelhada no concession speech, o discurso de reconhecimento, da eleição de 2008.
John McCain herói da Guerra do Vietnã, onde foi prisioneiro por seis anos, com sequelas físicas adquiridas em combate, ao admitir a vitória do adversário, ressaltou seu papel na eleição do primeiro afro-americano.
“-Meu coração se enche de gratidão pela experiência, e ao povo americano, por me ter ouvido antes de decidir que o senador Obama e meu velho amigo, Joe Biden, deveriam ter a honra de nos liderar pelos próximos quatro anos”.
Trump não se livrou desta comparação com McCain.
Conseguirá Bolsonaro um lugar tão bom no panteão nacional, saindo pela porta dos fundos?