3 de maio de 2024
AGRO

Um recado otimista para o Agro de Xico Graziano: “Pouco mudará”

Com a vitória de Lula, o que acontecerá ao agro?

Minha resposta é rápida e simples: quase nada. Pouco mudará. Os bolsonaristas odeiam escutar isso. Mas é a pura verdade.

A dinâmica recente do agronegócio brasileiro, que o tornou pujante, não dependeu apenas do governo atual.

Essa exitosa história vem sendo construída há tempos. E tem vários protagonistas.

Haverá retrocesso com a volta de Lula? Dificilmente.

A força das cadeias produtivas ligadas ao mundo rural criou uma dinâmica própria, essencialmente capitalista, de base tecnológica, pouco dependente do Estado.

Diferentemente do que muitos imaginam, o custo dos subsídios agrícolas, para todos os programas, soma R$ 9,5 bilhões, o que dá 0,6% do dispêndio público total.

Se os mercados externos continuarem aquecidos, e os preços remuneradores, o agro seguirá em frente. Não depende de Lula. A proteção da Amazônia, livrando-a dos criminosos da floresta,  pode facilitar a relação comercial com a União Europeia.

Melhoraria o retorno ao agronegócio sustentável. Se as exportações se arrefecerem, hipótese plausível, o crescimento do mercado interno tenderá a compensar as perdas, ajudando os produtores menores e menos qualificados. Nessa equação, vai mandar a responsabilidade fiscal do governo.

Mas e as invasões de terras? Sim, aqui mora um perigo. Como, porém, as terras improdutivas praticamente se acabaram no país, quem pensa em invadir fazenda produtiva sabe que, hoje, pode encontrar resistência armada.

Nisso, Bolsonaro foi imbatível.Acabou aquele tempo permissivo onde os bandidos agrários apavoravam com foices, matavam gado com tiro de espingarda e tacavam fogo nas máquinas agrícolas. E, pior, eram tratados como “movimento social” pela mídia. (A conferir).
Quem será o ministro da Agricultura do Lula?

Logo saberemos. Talvez ele não encontre algum craque como Roberto Rodrigues, ou Alysson Paolinelli, Pratini de Moraes, Blairo Maggi e Tereza Cristina.

Quem quer, todavia, que assuma o ministério da Agricultura, continuará a obra dos seus predecessores. Terá, contudo, que resolver um instigante problema escondido debaixo do tapete do agro: a crise surgida pelo envelhecimento da Embrapa.

O governo do PT a engendrou, Temer passou batido, Bolsonaro a deixou rolar. Reanimar e revalorizar a Embrapa, o maior orgulho do agro nacional, é a mais difícil tarefa do próximo governo. O resto, a gente tira de letra.

Por Xico Graziano, agrônomo, fundador do PSDB e apoiador de primeira hora de Jair Bolsonaro em 2018. Uma referência para o Agro no Brasil. Artigo completo no https://www.poder360.com.br/opiniao/lula-e-o-agro/

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