10 de maio de 2024
Opinião

V A C I N A

vacina-covid-19

Por Carlos Eduardo Emerenciano – advogado e arquiteto 

Va-ci-na. Assim mesmo. Pronuncie o novo nome da esperança, saboreando cada sílaba.

Não lembro de algo que tenha sido tão aguardado. Os cientistas correram, obedecendo, claro, todos os protocolos de segurança, e estão nos entregando um produto redentor, em tempo recorde.

Sempre foi assim. Desafiados, homens e mulheres buscam respostas. É dessa forma que avançamos. A vacina não é algo novo. No final do século XVIII, Edward Jenner observou que os ordenhadores de vacas não contraíam a varíola humana, pois haviam contraído a forma animal da doença. Extraiu, então, o pus da mão de uma ordenhadora que estava com essa varíola mais branda e inoculou numa criança de 8 anos, que teve a doença e logo ficou curada.

Cerca de 2 meses depois, o médico inoculou na criança um líquido extraído da pústula da varíola humana. A criança não desenvolveu nenhum sintoma, demonstrando que estava imune à doença.

A palavra vacina (va-ci-na, não esqueçam de curti-la) vem do latim vaccinae, que significa “da vaca”. Curioso que certo gado venha demonstrando tanta hostilidade a uma campanha de vacinação. Mas não nos percamos com mesquinharias.

No interessante “A história da humanidade contada pelos vírus”, Stefan Cunha Ujvari traça o seguinte panorama: esses pequenos seres (vírus, bactérias, parasitas) não são meros coadjuvantes do processo histórico, mas personagens importantes. Das dificuldades que eles nos impõem, advém a luta árdua e constante por superação. Chegamos até aqui.

A universalização dos processos de vacinação nos livrou de várias doenças, que foram erradicadas após um esforço persistente de instituições e sociedades. Só para vocês terem uma ideia da precariedade da nossa existência: a expectativa de vida da população mundial, no início do século XX, era de 33,7 anos. É isso mesmo. Não ultrapassávamos, na média, a idade de Cristo. Hoje, mesmo com tantos desafios e desigualdades a superar, alcançamos os 75 anos de expectativa de vida (não esquecer que se trata de uma média).

No Brasil, o Programa Nacional de Imunização foi criado no longínquo 1973, quando ainda passávamos pelas trevas da ditadura militar. Aquele programa, podemos dizer, representou um feixe de luz na escuridão e até o General Médici, presidente à época, deu o braço não a torcer, mas a vacinar. Isso porque sempre tivemos no Brasil, e aí devemos deixar de lado o triste complexo de vira-lata, pesquisadores de excelência e dedicados em nos proporcionar saúde. Braços de esquerda ou direita, flácidos ou musculosos, brancos ou pretos, renderam-se à ciência.

Com o advento do SUS, como preconizado pela Constituição Cidadã de 1988, o Programa Nacional de Imunização vem sendo ampliado e aperfeiçoado. Não deixamos a dever, neste sentido, a nenhum outro país.

Estamos hoje diante da triste realidade: 1 milhão e 700 mil pessoas já perderam a vida no mundo pelo covid. No Brasil, 2º país no número de mortes, nos aproximamos da trágica marca dos 200 mil mortos. Lembrem-se que não são apenas números. São pais, mães, filhos, irmãos, avós, amores. São vidas.

A vacina começou a ser aplicada em alguns países, significando esperança. Chegou exatamente neste período de Festas, quando renovamos as nossas energias.

Há mais de 2 mil anos, um certo menino veio ao mundo e nos trouxe o antídoto (vacina) para afastarmos toda a espécie de mal e de escuridão. Tenhamos, então, fé em Deus e nos homens, na ciência e nas artes. Todos nós temos uma centelha divina dentro de cada um. O mal não dura para sempre.

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