2 de maio de 2024
CULTURA

VIDAS QUE CONTAM

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São necessários episódios agudos, erupções inesperadas, reações inexplicáveis e ondas de protestos,  para se perceber como as diferenças incomodam.

Muitas vezes, pessoas não impõem suas vontades por  sentirem-se prejudicadas.

O que as aborrecem é quando aqueles a que consideram inferiores, ousam  ter uma vida um pouco parecida com a sua e querem também gozar dos seus privilégios.


(Publicação original em 25/08/2019)


NO MAR DA PARAHYBA

A fama é antiga.

A tranquilidade que não se vê mais em nenhuma outra capital, antes um ponto negativo, é o principal diferencial  para receber cada vez mais turistas.

Quem conquistava todos os visitantes, fica na saudade e com  inveja.

Seus líderes não quiseram ver que os peixes que ofereceram e serviram de isca para os forasteiros,  nadam nos mesmos verdes mares. E em alguns, com menos exploração e muito mais segurança.

Um simples passeio num fim de tarde pela orla de João Pessoa é uma volta ao bucolismo que os de  fora gostam de ver e sentir de novo.

Grupos familiares, atletas, bicicletas,  crianças, algazarras, cadeiras nas calçadas.

E muitos policiais. Que a confiança tem preço, pago em eterna vigilância.

A notícia, naquele cenário, parece tão surpreendente e choca tanto quanto as de tiroteios em escolas de pacatas comunidades da América.

Um grupo de senhoras moradoras no mais aristocrático bairro, em pé de guerra (na surdina) contra  frequentadores da praia. Querem só pra si o que sempre foi de todos.

Sob argumento que o programa que facilita o acesso de pessoas com deficiências e necessidades, tira a beleza natural de onde só moram pessoas ilustres e famílias tradicionais.

Para não se mostrarem intransigentes, dizem que só reclamam do barulho que estes banhistas fazem.    Como se houvesse silêncio possível em algum balneário, das 8 ao meio-dia, de um sábado de sol.

À vereadora que incentiva as atividades e agrega voluntários, apresentaram uma sugestão conciliadora.                   

Restringir as atividades a  local mais isolado. Cercado e com portão de acesso.

A maresia que oxida os espelhos da nobreza, também embota as mentes e não deixa que as madamas sintam a verdade soprada pela brisa.

Quanto tempo ainda de nojo? Até que a natureza mande a resposta por algum portador.

Um coágulo errante, por exemplo.

Ou dê  ordem para o malvado alemão agir.

Quando todos os seus desejos (e necessidades) serão atendidos.

Por outras cuidadosas pessoas.

Que uma vez  por semana, os anjos do Cabo Branco as leve para um bom e silencioso banho nos mares mornos da Paraíba.

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