1 de maio de 2024
ESPORTE

Vidas que se cruzam na ginástica

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Sunisa Lee, a adolescente americana que se tornou a campeã de ginástica em Tóquio, tem muito a ver com Rebeca Andrade, a brasileira da periferia de Guarulhos, nossa primeira medalhista olímpica.

Sunisa é  de família Hmong (povo nômade que vive no sudoeste asiático, na China, Tailândia e Laos), igualmente pobre e também teve a dura realidade familiar transformada pelo esporte.

Seus pais tinham vindo para os Estados Unidos sem nada.

Sunisa treinou duramente, em práticas extenuantes, passou por ferimentos dolorosos, para  honrar seu pai, John, que sofreu uma lesão na medula espinhal em 2019 e agora usa uma cadeira de rodas.

Lee, de 18 anos, veio para as Olimpíadas querendo ganhar uma medalha de ouro para seu pai, que é seu maior fã, e para todos os americanos Hmong que ela sente serem invisíveis  nos Estados Unidos.

Ela havia declarado publicamente que seu objetivo era ganhar a prata porque sua companheira de equipe Simone Biles, a quatro vezes medalhista olímpica, era considerada um bloqueio para ganhar esse título.

Mas depois de uma vida inteira perseguindo Biles em todos os lugares porque a campeã não perdia qualquer evento marcante desde 2013, Lee aproveitou sua chance para fazê-lo no Japão.

Biles, considerada a melhor ginasta de todos os tempos, retirou-se da equipe e dos jogos, por causa do estresse mental, deixando Lee em posição de vencer tudo.

“Nem pensei que chegaria aqui”, disse Lee.  “Nem parece que estou na vida real.”

Rebeca não deve pensar diferente.


Fonte: The New York Times, 29/07/2021

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