25 de abril de 2024
CULTURA

VERBAS ADULTERINAS

 

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Maternité, a criança ao seio (1886) – Auguste Renoir – Museu de Belas Artes de St. Petersburgo, Flórida, EUA


Todos querem ser o pai da criança. Ou a mãe.   

Mas, somente quando interessa, o nascituro não tem problemas, e ajuda a tanger mais votos na próxima eleição.

Para estradas, postos de saúde, escolas e barragens, não falta quem queira figurar na certidão de nascimento

Já penitenciária, tem muita bastarda por esse mundão de Deus.

Às favas e às outras leguminosas, o princípio da impessoalidade dos poderes públicos.

Houve um tempo que pelo embrulho já se sabia a autoria.

Bastava ver o papel do invólucro. O mesmo ou muito parecido com o usado na campanha eleitoral.

Toda autoridade, por mais chinfrim, tinha sua logomarca e slogan, cor e tonalidade.

Até se carimbavam as realizações.

E nas raras concluídas, com tanta força que fazia tremer a tela da TV.

Não restavam dúvidas de quem fez a, digamos, obra.

No festival de besteiras que tem assolado o estado (a benção, Tia Zulmira), nunca os parcos investimentos públicos foram mais separados.

Quando não convém, o óleo federal não se mistura com as turvas águas estaduais e municipais.

E ninguém fica pagão-herege às margens  deste imenso rio jordão-potengi .

Padrinhos e amigos de ministros não faltam no profano ritual de louvor às divinas tetas.

Prato cheio para as emendas impositivas.

Quando não aplicam em outros estados onde são mais assíduos frequentadores, nossos representantes no Congresso até posam com  a colher de pedreiro na mão.

Tudo por graça de dinheiro do Tesouro, impresso na Casa da Moeda e arrecadado em impostos pagos por todos. Exceto pelas felizardas autoridades, com imunidades fiscais.

Com isso, tem proliferado uma ocupação que tanto pode ser exercida pelos  calejados chapas-brancas, quanto por blogueiros, twiteiros e digital influencers de um modo geral.

São os separadores de verbas públicas.

Razoáveis na aritmética, sofríveis na contabilidade e mestres em puxassaquismo, vão aos centavos na prestação de contas da bufunfa  trazida pelo seu parlamentar preferido. Como se transferências bancárias não existissem.

A governadora, com imensa experiência acumulada em mais de 16 anos como patronesse de institutos federais de ensino, quando deputada e senadora, é  duramente criticada e impedida de registrar na sacristia paroquial, o batistério da criança mais formosa que já nasceu no vale das oiticicas, sob cuidados de parteiras bolsominianas.

A primeira governadora de origem popular a regularizar  quatro folhas de pagamentos de servidores, sabe muito bem qual o tamanho da forma que faz sapato de político.

E onde ele aperta e o calo incomoda.

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Maternité , a criança com biscoito (1887) – Auguste Renoir – Coleção particular

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