2 de maio de 2024
Cotidiano

Montblanc vê demanda por luxo em alta no Brasil

Ainda que o Brasil seja um território destacado do mundo em se tratando de facilidades para o cliente de luxo, com compras parceladas e preços similares aos praticados pelas marcas no exterior, os zeros impressos na etiqueta não têm impedido o aquecimento da demanda.

É o que atesta o francês Nicolas Baretski, CEO global da grife alemã Montblanc, diante do interesse crescente dos clientes pelo pilar de alta relojoaria da marca, propriedade do grupo suíço Richemont e reconhecida no mercado mais por seus instrumentos de escrita e itens de couro. “[Preço] não é o que as pessoas estão olhando primeiro”, porque “se aumentaram, significa que os componentes daquilo que você possui subiram de valor e, portanto, seu investimento para o futuro está garantido”, disse Baretski em entrevista durante o salão de alta relojoaria Watches & Wonders, em Genebra, no mês passado.

Garantias sobre a durabilidade e o apelo colecionável dos produtos, com possibilidade de revenda, têm sido prioridades na decisão dos clientes no pós-pandemia e ajudam a explicar os recordes nas vendas do grupo.

Também dono das joalherias Cartier e Van Cleef & Arpels, o Richemont reportou neste mês que o ano fiscal encerrado em 31 de março consolidou uma receita de € 20 bilhões, com lucro operacional de € 5 bilhões, azeitada pela recuperação do consumo chinês. No exercício anterior, a receita havia somado € 16,7 bilhões e o lucro operacional, € 3,7 bilhões.

O balanço não segmenta os resultados por marca, mas a subsidiária da Montblanc no Brasil informou ao Valor que a venda da categoria teve incremento de dois dígitos no comparativo com 2021 e todos os modelos apresentados no salão, incluindo os de edição limitada, já têm pedidos fechados de clientes brasileiros.

Essa mudança de abordagem na compra de produtos de luxo ocorre na esteira de um salto no consumo, quando o setor viu as vendas no país aumentar 50% em 2022 no comparativo com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Luxo, e, no mesmo período, 21% globalmente, de acordo com dados da consultoria Bain & Company.

Nesse contexto, a escassez de insumos, com destaque para a escalada no preço do ouro e dos componentes da alta relojoaria, teriam estimulado o apetite por produtos de difícil acesso.

“Sim, o ambiente criou alguma escassez, que avalio não ser ruim para o mercado, porque, de certo modo, mostrou o desejo pela coleção [de relógios]. Para ser honesto, não acho que [a falta de insumos] seja um grande problema”, afirma Baretski.

Fonte: Valor Econômico