27 de abril de 2024
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Wilma sobre o filho Lauro: “Ele só fez o bem”

A ex-governadora Wilma de Faria (PSB) concedeu uma entrevista neste domingo (24), a jornalista Anna Ruth Dantas, para Tribuna do Norte, o blog faz questão de reproduzir alguns trechos da entrevista.

Antes mesmo de qualquer cumprimento, já é possível perceber algumas diferenças da Wilma de Faria governadora, cargo que ocupou durante sete anos, para a Wilma de Faria ex-governadora. Ela chega pontualmente no horário marcado para a entrevista, diferente dos atrasos que chegavam a quase uma hora. Longe dos muitos assessores, hoje quem acompanha a líder do PSB é apenas a secretária.

Atenciosa, cumprimenta as poucas pessoas que estavam presentes à sede do PSB e logo parte para o gabinete, onde em seguida concede a entrevista. Fala com naturalidade da derrota, demonstra irritação ao dizer que não vai comentar as declarações do deputado federal João Maia. O parlamentar do PR creditou parte da derrota do governador Iberê Ferreira nas urnas ao fato dele ter “herdado uma delicada situação financeira”.

Embora afirme que não analisará a declaração de João Maia, Wilma de Faria dá uma pista do que pensa sobre o assunto: “Realmente existe uma coisa que ninguém quer ser pai e nem mãe de derrota, querem é encontrar uma pessoa que seja pai e mãe de derrota”, observa. A ex-governadora diz que agora poderá se dedicar mais à vida pessoal e ao partido.

Ela ainda demonstra certo desconforto ao falar da derrota, mas não deixa a provocação feita pelo senador Garibaldi Filho sem resposta. No último domingo, o peemedebista afirmou que o placar está 3 a 1 para ele, em relação a Wilma de Faria. “Mas em 2006 foram duas vitórias”, diz a líder do PSB.

O único momento na entrevista em que ela baixou a cabeça e fixou o olhar apenas no papel que estava na mesa foi quando o questionamento se referiu ao filho, Lauro Maia, que é réu no processo da Operação Higia. Wilma de Faria disse acreditar na inocência e defendeu: “Ele só fez o bem”.

Depois da campanha e de ter viajado para descansar, o que a senhora fará a partir de agora?
É um recomeço. Como se diz popularmente a vida é cheia de recomeços. Estamos agora recomeçando uma nova etapa. Quem entra no jogo democrático e se apresenta a população como candidato, como líder, sabe que podemos ter vitórias e derrotas. Já tive muitas vitórias. Nesses últimos anos, seguindo cinco anos que passei na prefeitura, mais um ano de campanha e mais sete anos no governo, são 13 anos trabalhando sem ter férias. E um pouco dos 13 anos longe da presidência do partido. Até quando assumi o governo do Estado queria me afastar da presidência, mas ninguém quis, todos quiseram que eu continuasse, mas foi difícil para mim cuidar do partido. Terei oportunidade agora de cuidar da minha vida pessoal, cuidar da minha vida profissional. Vou ter oportunidade também de cuidar da vida do meu partido, que presido no Rio Grande do Norte. Vou fazer todo esse recomeço.

Quem é o pai ou a mãe da sua derrota?
Isso foi uma decisão popular. A gente tem que aceitar, por isso, que quero continuar servindo ao povo na oposição. Foi para isso que o povo me elegeu hoje.

O senador Garibaldi Filho concedeu uma entrevista, publicada na TRIBUNA DO NORTE, e fez uma conta: 3 a 1 para ele, em relação à senhora.
Depende da conta que for feita. Não quero fazer essa disputa com ele. Mas em 2006 (quando ela disputou o primeiro e segundo turno com Garibaldi Filho para o Governo) ele perdeu duas vezes.

Com quem foi sua disputa?
A disputa foi entre aqueles que queriam dar continuidade a esse país que está crescendo, distribuindo renda e aqueles que trabalharam contra, aqueles que não querem. Não dá para numa entrevista como essa, mal terminamos a campanha, já estamos em outra campanha. Não tivemos condições de reunir os deputados, reunir o partido, fazer um estudo sobre tudo que aconteceu. Seria precipitada se fosse fazer diagnóstico dessa derrota. Só poderíamos falar daqui a 30 dias, depois que terminar essa campanha. Nós estamos em plena campanha ainda. O jogo democrático continua.

Nesse momento a senhora já visualiza a Prefeitura de Natal?
Não. Não tem nada disso. Se eu vou continuar na vida pública é uma decisão minha. Vou continuar. Agora se vou disputar um mandato eletivo já não é mais uma decisão minha, será uma decisão coletiva.

Depois de sete anos na gestão estadual, o que a senhora deixou para a governadora eleita Rosalba Ciarlini fazer?
O que precisa ser dado continuidade é com relação a melhoria dos serviços públicos na área da saúde e segurança. Nós temos no Brasil grandes problemas nessas áreas. Depois que a classe média deixou a saúde e passou a ter plano de saúde, deixou a escola pública, passou a colocar os filhos na escola privada, sofremos uma mudança. No Governo de Fernando Henrique Cardoso foi mais preocupação em universalizar ensino fundamental, mas a qualidade ficou de lado. O Governo Lula foi que começou a fazer avaliações para ver a qualidade do ensino e a partir daí começou então a ter preocupação de todos em relação ao serviço público importante e o instrumento de mudança como é a educação. O meu governo e o governo Iberê deixarão muitos recursos para dar continuidade a obras de saneamento, de infra-estrutura, como o parque da cidade de Mossoró, vamos deixar muitos recursos para 10 centros profissionalizantes.  Há muitos recursos para dar continuidade a investimentos.

A senhora se arrepende de não ter sido candidata a deputada federal, já que poderia estar eleita?
Se eu pensasse só em mim eu teria sido candidata a deputada federal, faria mais dois deputados federais da coligação. No entanto, pensei no povo do Rio Grande do Norte. Ofereci uma disputa. Se não tivesse sido candidata a senadora já havia nomeação de Garibaldi e José Agripino como senadores. Permiti a disputa e a opção.

Como a senhora acompanha o desdobramento da Operação Higia envolvendo seu filho Lauro Maia, que é réu no processo?
É natural, quero que isso seja feita imediatamente. Ele foi acusado antecipadamente por setores da imprensa. As pessoas especulam isso. É interessante que se faça justiça e ele mostre que está com a verdade. Não tem prova contra ele, nenhum mal ele fez. Ele só fez servir e o bem a população.

A senhora trabalha a indicação da deputada Márcia Maia para conselheira do TCE, fazendo Lauro Maia (que é primeiro suplente) ganhar foro privilegiado?
Não existe nada sobre isso. É especulação. Não tem nada definido em relação a isso.

Foto: Arquivo