3 de maio de 2024
Opinião

Times entram em campo para 61 dias rumo ao desconhecido

 

Roda Viva – Tribuna do Norte – 03/08/22

Agora, é com os profissionais. Depois de muita firula, o jogo finalmente está começando, com os times entrando em campo.

É preciso ter um bom programa para fazer o acompanhamento do todo. Tanto no local, quanto no plano nacional; para entender o que está acontecendo na política brasileira.

No plano nacional o líder nas pesquisas já mudou o discurso e as atitudes, Ele sabe que a definição do jogo no primeiro turno pode depender de um pequeno gesto, uma transigência aqui, uma arrumação ali, e o todo vai tomando forma.  E o adversário não permanece parado. Dona Michele não está ocupando uma posição de destaque na campanha do marido, por acaso.

O exemplo mais eloquente, para o quadro – como um todo –  ser lido corretamente, e entendido, está acontecendo nesse momento. As estruturas partidárias já não possuem os meios para impor as suas vontades. Existe uma força maior do que qualquer acerto anterior, ou mesmo a vontade da cúpula.

Sem qualquer estímulo explícito, uma chapa começa a aparecer, aqui e agora, especialmente, nos pequenos e médios municípios: – A Chapa FARINHO (Fátima, Governador; Rogério Marinho, Senador).

Chapa que não existe para a Justiça Eleitoral, nem faz parte do que se conhece dos acordos formais.

 

DEFESA DA DEMOCRACIA

 

Novidade mesmo é prevista para a próxima semana. Na quinta-feira, um ato de defesa da democracia, concebido entre as célebres arcadas do Largo  São Francisco, SP, reforçando a marca 11 de Agosto, com a pretensão de ser um antídoto para eventuais excessos de 7 de Setembro, 45 anos depois de iniciativa semelhante.

Ninguém pode ser contra um ato em defesa da democracia. Também não é  fácil ignorá-lo.

Antes mesmo do ato em defesa da democracia acontecer já foi suficiente para liberar vozes que estavam silentes em relação as urnas eletrônicas, por exemplo. Lembrando aos detratores das urnas eletrônicas que eles   também estão atingindo as Forças Armadas ao revelar a incompetência do seu aparelho investigativo que não foi capaz de identificar uma fraude sequer, em mais de 30 anos do uso do equipamento pelo Brasil.

Uma conversa com pessoas efetivamente envolvidas no processo eleitoral (sejam candidatos ou profissionais contratados) é pouco esclarecedora. – “Essa eleição é diferente de todas”. Não dá para identificar uma lógica que levará o eleitor a tomar a sua decisão.

 

QUESTÃO GLOBAL

 

Mesmo quem não tem o seu lugar no eixo das grandes decisões não pode ignorar a importância para essa eleição, mesmo nos menores municípios do Sertão Nordestino, da importância da posse do ministro Alexandre Morais, nessa sexta-feira, como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. O Presidente da Eleição.

Ai vai, como contra ponto, o que eu ouvi diretamente do deputado Waldemar Veras, há mais de 40 anos:

– Só acredito em eleição com apoio de chefias capazes de conduzir o voto do eleitor até a urna.

Waldemar foi um político de raro talento, dono de uma banda da cidade de Alexandria, empunhando a bandeira da UDN e sob a liderança do seu amigo Dinarte Mariz. Waldemar, ou Totinha (para os seus eleitores), vem a ser avô do candidato Fábio Dantas que, muito provavelmente, dentro dos seus pontos de vista, teria pouco a oferecer ao seu neto. O mundo é outro. A eleição também. As chefias são raras.

 

EXISTEM CHEFIAS

 

Como imaginar nessa eleição uma chefia política com força para comandar os votos do eleitor simultâneos para Presidente da República, Governador do Estado, Senador da República, Deputado Federal e Deputado Estadual. Antes da urna eletrônica, vinham todos num só pacote com  a “chapinha” entregues ao eleitor. E antes (até 1930), no voto bico de pena, era a chefia que levava o voto e depositava pessoalmente na urna.

Qual a lógica que vai prevalecer agora e qual o peso que um voto terá sobre outro do mesmo eleitor?

O mais difícil é porque o Brasil não conta mais com partidos políticos; fazendo o papel que o MDB exerceu nos anos de ditadura e que agora esfacelou-se, sem ter uma liderança nacional, ou mesmo um projeto político ombreado aos que transformaram a grande maioria dos partidos políticos brasileiros em uma “cooperativa de deputados” que tem o objetivo maior de suprir esses deputados com dinheiro público para financiar sua carreira individual. E o próprio MDB virou um mau exemplo ao transformar o seu acervo histórico em nada; e ainda se sujeitar a oferecer respaldo legal a quem não é digno de sua história.

 

RUMO AO DESCONHECIDO

 

Realizadas as convenções, os times entrando em campo e os sonhados recursos do Fundo Partidário sendo liberados, chega a hora da disputa sem ninguém se arvorar em possuir um mínimo de experiência, que lhe dê condições para prever o que pode acontecer nesses próximos 61 dias, até o dia do pleito.

A grande dúvida é a lógica da reação do juiz supremo da disputa final que vai acontecer pelo voto protegido por um sistema brasileiro de captação e contagem que automaticamente vem servindo – e protegendo – à democracia nos últimos 30 anos.

O maior agravante para o entendimento do que acontece é o foco do pleito ter se desviado para a eleição proporcional, historicamente acessório nas eleições passadas. Isso quando um estudo divulgado no começo da semana indica que somente um em cada quatro deputados possui uma situação tranquila na eleição.

 

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