28 de abril de 2024
Comunicação

VERDADE À TODA VELOCIDADE

Pigmaleão e Galatéia (1890) – Jean-León Gerôme- Museu Metropolitano de Arte, MoMa, Nova Iorque


Às vésperas da chegada da era 5G, uma dúvida maior se alevanta: a participação  nas redes sociais continuará sendo atividade de alto risco?

Será perigosa, somente para quem escreve, copia, grava,  produz, posta, encaminha ou curte?

Ou passará também a ser criminalizado o ato da leitura, ainda mais dinâmica e rápida?

Como estamos adentrando o mês de agosto, não é bom dar chance ao acaso, sem esclarecer o assunto.

O avanço tecnológico comprova a dimensão do cyberespaço, nossa última fronteira, antes dos limites da iluminação divina.

Universal, onipresente, onipotente, onisciente, o que sempre foi, continuará sendo.                      

Sua filha unigênita, a verdade, tem por  guardiã,  a mídia.  A rainha das rainhas, que a tudo rege, guarda, governa e ilumina.

Nos seus domínios terrestres, tudo passa, cada vez mais rápido.

Por enquanto.

Por encanto.

Tão revolucionário, por que o 5G não é considerado um outro messias?                              

Como arauto, Gutemberg não amarra as alpercatas de João Batista.

Sua mais completa profecia, a notícia de jornal, tem se reinventado.                         

Não dava mais pra esperar a edição matutina para a revelação do fato. Nem a do dia seguinte pra sentir sua repercussão. As da véspera todos já sabiam: deu no twitter ou no zap ou no blog de alguém.

As da madrugada, ficavam na zona cega, espaço compreendido entre o linotipo, a caixa do correio e a edição online.     

Os periódicos passam por seleção natural darwiniana.

Só os mais resistentes sobrevivem.

Na trilha da salvação, têm reforçado as estruturas, erguido novas colunas, se escorado nas pesquisas, aceitado outras muitas opiniões e até dispensado o preço de capa.

Sem descuidar dos espaços já ocupados nas redes sociais. No corpo a corpo.

O jogo quando visto da arquibancada pelo internauta-leitor, agora tem outras regras.                    

A imprensa que já foi base  dos comentários nas redes sociais, passou  a ser pautada pelo que rola nas ondas digitais.  O que seria da Folha sem os microblogs das suas fontes?                  

Na miscigenação do papel com o digital, as metas são preservadas: informar o que é relevante para as vidas das pessoas, com acurácia, objetividade e isenção.

Difícil saber o que é falso, soja, fake ou carne. Tudo misturado e junto na imensa lanchonete global.

Não importa.

Daqui a pouco, finalmente, conheceremos o caminho da  verdade, em mensagem de 140 toques, a 10 gigabytes por segundo.

Mercado Romano de Escravos (1884) – Jean-León Gerôme – Museu de Arte Walters – Baltimore, Estados Unidos


(Este texto contém algumas reflexões postadas em 31/7/19)

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