SEM DESTINO
Até a patroa, leitora voraz e frequente de livros mais grossos, às vezes, desiste de ajudar na busca pela palavra adequada.
Aí, começa um jogo viciante de associação de ideias e situações até que apareça, enxuto, desprovido de enfeites e balangandãs, o vocábulo mais que adequado e perfeito.
Quem há de saber, não será esta a explicação para a amargura dos poetas. Ensimesmados em suas rimas, métricas e amores fugidios.
E assim segue a vida, sem saber onde vai nos levar. Cheia de perigos, incertezas, gentílicos, alcunhas, agnomes e antonomásias.
(Publicação original em 19/06/2019)
EM OUTRAS PALAVRAS
O filho em andanças pela Escandinávia, qual Luísa no Canadá, deve ter se acostumado logo com as belezas das geleiras e fiordes.
Só pode. Para arranjar, com fuso horário e tudo, tempo livre pra comentar esses textículos.
Quem sabe, um dos ossos (fracos, com osteoporose) do ofício de quem escolheu a mesma especialidade médica do pai.
Perguntou, em tom mais de gozação que de crítica, quando o Território Livre iria trazer um glossário com os termos pouco habituais.
As lembranças de estórias que estavam perdidas nas gavetas empoeiradas da memória, quando passam de HD para RAM não têm o palavreado atualizado.
Deve ser esta a explicação. Plausível.
Confesso que tenho digitado palavras que nunca devo ter pronunciado na vida. Como no jogo do bicho, o que vale são as escritas. De pouco uso no linguajar coloquial, surgem como se fizessem parte dos personagens evocados. Algumas, em tonalidades desbotadas. Um tanto démodés.
Agora mesmo, o copy desk do iPhone colocou um segundo, e esquecido, acento agudo no galicismo. Prova que o vocábulo não anda assim tão fora de moda.
Quando postamos alguma coisa, esperamos alcançar o maior público possível. É natural. E sermos bem compreendidos. É preci-necessário.
Na imensidão da blogosfera nunca vamos saber ao certo quem está recebendo a mensagem. Nem como.
A voz interior do superego, nosso infalível feedback, explica. Ou complica:
-É a comunicação, estúpido!