CAPITÃ MANDACARU
Fatos públicos e notórios dispensam provas.
Não é necessário ter passado pelo Largo de São Francisco para conhecer a argumentação jurídica, aceita nos mais isentos tribunais.
A depender do que foi visto no julgamento precoce da Dra. Mayra Pinheiro na CPI da Cloroquina, os senhores senadores têm prevaricado adoidado.
Desviam das obrigações de zelar pelos bens públicos, procuram responsabilidades de fatos sem parâmetros de comparação.
Chegam aos limites da intolerância e insensatez.
Gastam tempo, dinheiro e torram a paciência do público, num simulacro de investigação do que já estão convictos de quem é o culpado.
Para achar os chifres do cavalo que sabem, pasta junto com as emas no gramado do Palácio da Alvorada, não se importaram em humilhar e agredir a testemunha.
Abusaram do poder, com o apoio e estímulo da grande mídia.
As manchetes dos grandes jornais e rodapés dos noticiários já anunciavam o pré-julgamento e a condenação sumária com o apelido pejorativo, desde a patente.
O telejornal de maior audiência trocou a prática de apresentar o outro lado da notícia pela divulgação de análises superficiais da nova praga que grassa como a terceira do Egito, resistente à Ivermectina.
As agências verificadoras de veracidade de notícias, agora se dedicam à checagem de fatos relatados na profana inquisição.
Fazem análises instantâneas e tiram conclusões apressadas.
São as hodiernas virgens vestais que guardam, no templo da incoerência, as verdades absolutas e convenientes.
O contraditório é relegado quando um objetivo maior se alevanta.
Como o cidadão vai saber o que é verdadeiro, se os órgãos de comunicação, antes alvos das investigações, agora, com cúmplices restaurados, são os clientes?
O protesto da Confederação Israelita pela inconveniente comparação do inquisidor-mor, não mereceu sequer, uma fração do tempo gasto em repetir que um dos 19 medicamentos utilizados na abordagem, início, cuidados, tratamento ou o que seja considerado precoce, mereceu em repetições resistentes aos breaks publicitários, o carimbo de não ter comprovação científica,
A OAB que costuma dar palpite até no milhar da extração noturna, não se pronunciou sobre o novo modelo de oitiva.
As vossas excelências disparam uma saraivada de perguntas e ao final dos 15 minutos de celebridade, não admitem respostas da tripudiada sua senhoria.
O teutônico Randolph Frederich Rodrigues recolheu seu tacape-MG42 e não quis, nem a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo se interessou, saber o motivo do habeas corpus antes do testemunho.
Nem a presença de algumas senhoras deputadas despertou sororidade nem lembrou o respeito de gênero por parte das senadoras.
Ainda bem que as sessões de tortura estão sendo encerradas quando os trabalhos no plenário são iniciados.
Ao cair da tarde, o por-do-sol poderia ter atiçado o instinto sanguessuga de algum vampiro-senador e deixado a vítima da intolerância, mais acuada ainda.
O texto acima poderia ser muito bem o editorial de qualquer grande jornal. Foi escrito por quem fez o dever de casa bem feito. Parabens.
A CPI está aí para mostrar o que está por trás da incompetência do governo federal no combate à pandemia. Está aí para mostrar ao público quem são as pessoas e o que fazem e fizeram na gestão da pandemia. O grande público não conhece nada dos bastidores e isso tem que vir ao conhecimento de todos. Mesmo que grande parte dos que conduzem a CPI também tem rabo preso, o povo tem o direito de saber dos fatos.