A CARNE SINTÉTICA E O LEITE DA PROFESSORA AMADA
Explicar ao neto que o leite que ele toma, não vem da Fazenda Supermercado, da geladeira, nem da caixa de papelão tetrapak, requer uma incursão ao YouTube.
Ou uma madrugada na fazenda para o passo a passo, como é o aperta, segura e tira das tetas daqueles animais ameaçados de extinção pelos ecochatos da aldeia global.
Em tempos de professoras híbridas, a lembrança de tempos mais francos e risonhos.
Ensino superior, único, gratuito, igual para todos. Sem cotas.
Sem bronzeamentos artificiais.
Vagas no funil.
Vestibular superseletivo.
A carência de professores formados dava a chance para estudantes da única universidade, receberem antecipadamente o grau informal de mestres.
E um dinheirinho extra no bolso.
E sem nunca terem cursado didática, pareciam nascidos para a docência.
Depois, concluíam seus cursos de Direito, Engenharia ou Medicina para brilhar nas suas profissões.
O colégio particular, de quase padres, resolveu inovar e passou a dar prioridade a egressos de cursos superiores no magistério.
A nova professora, carregada dos elogios da apresentação, escolheu para primeira aula, discorrer sobre as regiões brasileiras.
Quando chegou ao Sudeste, passando por Minas Gerais, nos seus aspectos sócio-econômicos, demorou-se na importância da ainda inexistente (no nosso estado) indústria de laticínios.
E suas incríveis ordenhas mecânicas.
O aluno mais perspicaz notou que a mestra não manjava nada do que falava.
Principalmente, quando tirava os olhos da ficha da aula.
Estava fazendo confusão do que era leite, lata e leite em pó, enlatado.
Para não restar nenhuma dúvida, a pergunta capciosa, se a carne em conserva também pertencia ao mesmo grupo de alimentos.
– Claro. O maior dos laticínios é o kitut de carne de boi.
***
Na reminiscência publicada em 11/06/2019, o neto ficou credor de uma explicação sobre carnes em conserva e como elas eram frequentes nos cardápios familiares.
Mas isso fica por conta de Bill Gates e sua proteína animal de laboratório.