2 de maio de 2024
Memória

VACINA INEFICAZ E PÓS-OPERATÓRIO

A Cartomante (1630) – Georges de La Tour – MoMa, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque


Fazer da vítima, cúmplice, é o segredo de todo trambiqueiro bem-sucedido.

Saber manipular as emoções, desejos e ambições de quem pouco conhece, ou nunca viu,  é o que faz um bom trapaceiro.

É da natureza, dom natural, nunca desistir.

Se o golpe não sai como planejado, encontram outros momentos.

São persistentes.

Resilientes.

Reincidentes.

A pandemia trouxe infinitas oportunidades para agirem.

O que levou um grupo de empresários, experientes em mesas de negociações, cair na conversa de uma falsa enfermeira para  organizar um drive thru clandestino, e vacinar família e amigos, a preço cobrado na cotação do ouro?

A cobertura midiático durou pouco, sem aplicar a maior pena para quem foi na conversa da irmã de caridade fake que deveria ter sido  severa e anserina.

Revelar como o pato caiu no conto do paco, teria sido sentença a nunca prescrever.

Fica na imaginação, o que aconteceu  nas franjas das serras alterosas.

Estória pra lá de fantasiosa.

Um primo, imigrante ilegal, trabalhando na faxina da fábrica de vacinas norte-americana, consegue um desvio ou compra a preço de banana exportada por republiqueta latino-americana.

Uma mula, com esquema na alfândega, acostumada a driblar a burocracia das importações de medicamentos, faz o transporte e  pelos prazos de validade, era pegar ou largar.

Todos sairiam ganhando.

Até o governo que não cobra mesmo imposto algum destas  commodities, economizou  um punhado de frascos de imunizantes.

A lábia é sempre o principal insumo farmacêutico, ativo indispensável para a produção  de qualquer arapuca.

A arteirice  também foi falada na linguagem oficial dos ofícios, despachos e memorandos.

E levou no bico, comissões, grupos de trabalho e comitês.

Incluídos os científicos.

Na modalidade trambicagem de alto nível, o prêmio especial, a coroa de louros do anno domini do coronavírus, tem vencedor absoluto.

Não teve ninguém para a performance do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste.

Nove estados, nove governadores, centenas de assessores, consultores, professores-doutores.

Não faltou nem nihil obstat, carimbo nem aprovação dos sempre vigilantes promotores, procuradores e controladores, com a  milionária tratativa sertanejo-bolchevique comemorada em entrevistas coletivas e bajulada em tudo que é blog patrocinado.

Pagamento antecipado para ingresso na fantasiosa aventura de salvação, à moda de todo cinema que não garante a satisfação do cliente, nem a qualidade do que vem pela frente.

Como sói ocorrer no mundo das rebimbocas e parafusetas, os vivaldinos sumiram na fumaça da liamba, e os prejuízos estão sendo socializados e pagos em tributos, taxas e emolumentos.

As falcatruas acontecidas na República do Nordeste e do Grão Pará, foram anistiadas pelo voto soberano e popular que reelegeu os ingênuos governadores, ou seus postes (dos promovidos ao Senado), e garantiu a volta do presidente retrô, trajando modelito 2003.

A ciência ainda fica devendo uma vacina eficiente.

Contra político espertalhão

A carta afiada com o ás de ouros (1638) – Georges de La Tour – Museu do Louvre, Paris

N.R

Nas asas do robô Da Vinci, movido a Propofol e  Fentanil, pilotado pelo Dr. Tibério Moreno de Siqueira Junior, o aprendiz de cronista só tem a agradecer e dizer: trata-se de uma mágica e maravilhosa viagem pelas férteis terras pélvicas da próstata e das vesículas seminais.

Demais detalhes tão pequenos de nós dois, só no privado, e com a manicaca permissão da Dra. Margarita.

 

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