A FLOR DO DIA
Pra não dizer que não falei dela.
O calendário oficial já anunciava sua chegada. Há um mês.
Nestas terras semi-áridas, de poucas chuvas e muito sol, a brisa vai aos poucos virando vento forte e então, por toda parte, sua presença.
Quando os dias vão ficando mais longos que as noites, mais claros e vívidos, cada um mais radiante que o outro.
É primavera.
Anúncio que um verão, em breve vai chegar.
É tempo das flores.
Das azaleias, camélias, dálias, magnólias, déboras, rosas, gardênias, verônicas, petúnias, violetas.
Das que sempre estiveram por aqui, nas nossas terras. E das que de longe chegaram.
É tempo das lauras hortênsias.
Nas matas, nos ipês, nos jacarandás, nos angicos, nas rainhas craibeiras.
Por todo canto, em todo lugar.
Das que parecem mais frágeis, mostrando força ao brotar em tudo que é fresta.
Entre rochas.
No pequeno jardim, a leveza das orquídeas e a resistência das flores do deserto.
Cada uma mostra sua beleza. Para poucos.
Na simplicidade das que se multiplicam, e como símbolo da sensibilidade e da força, juntadas uma à outra, são transformadas em jóias no colo das mulheres
Nos versos de Drummond, “enfeite para a ternura escovar a alma com leves fricções de esperança.”
Hoje o dia é dela.
Bem-me-quer, bonina, margarida…
Margarita
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(Publicação original em 22/10/2019, nos 65 anos de Margarita, paciente companheira desta longa jornada)