3 de maio de 2024
Natal

A MAGIA DA RAINHA VERMELHA

Adoração dos Magos (1476) – Sandro Botticelli – Galleria degli Uffize

O anúncio que o pagamento da gratificação natalina dos funcionários estaduais só será concluído no dia 10 de janeiro, não causou espanto nem revoltas.

O espírito da estação festiva já havia resistido a todas as  ondas da pandemia e ao medo que se espalhou  na maré vazante da cepa Ômicron.

E acalmou militantes.

Não se ouvem mais apitaços.

Nenhum sindicato armou barraco na frente da Governadoria.

Os combativos líderes classistas pareceram satisfeitos com o calendário, e nem agendamento de reunião para explicação dos motivos, foi acertado.

Pra não dizer que não existem reclamações, um ou outro muxoxo de blogueiro com outros patrocínios.           

E só.

Ainda não atentaram que este  simples adiamento, por poucos dias, tem significado que vai muito além dos aspectos econômicos e da circulação do dinheiro.

É um desvio cultural que o governo feminino de origem popular, está tendo a coragem de enfrentar.

Já era tempo de conceder aposentadorias compulsórias a certos mitos, alheios às nossas mais enraizadas tradições.

Alguém teria de tomar uma atitude corajosa contra tanto consumismo.

Não bastasse a black friday dilapidar os empréstimos consignados, seria temerário deixar que o crédito fácil avançasse também sobre o décimo-terceiro salário.

Tudo por conta da balela de uma lenda escandinava.

O tempo está dando razão à governante com visão de futuro.

Imagine o desperdício, se nos primeiros anos da administração que já se sabia desde o começo, teria oito anos de duração, tivesse investido recursos e esforços em alguns setores.

Qual a serventia do Teatro Alberto Maranhão, se os espetáculos estavam proibidos durante a pandemia?

Quem precisava de biblioteca, com aulas suspensas desde antes do primeiro decreto de emergência, pela rotineira greve de todo ano letivo?

Não fazia sentido a quadrigentésima reforma do Forte, se os turistas não apareceriam na mais baixa de todas as estações.

É preciso coragem para combater as imitações pseudoculturais e de serem retomadas as melhores tradições judaico-cristãs.

Tempo de esquecer certos símbolos que nunca foram nossos.

Não sendo burras, as renas não se adaptaram ao seminário.

Os trenós não resistem às estradas mais esburacadas do ocidente.

Santa Claus, de saco cheio com este calor infernal, acostumou-se ao lockdown decretado na Lapônia há três anos

Como em Portugal,  a troca das prendas deve ficar para 12 dias depois do Natal.

É assim que se resgata a cultura de um povo.

O resto, é folclore.

Gaspar, Belchior e Baltazar  foram guiados por uma  estrela-guia.

A nossa, vermelha, só precisa de um pequeno ajuste:

Antecipar o atraso, do dia 10 para o 6 de janeiro.

Feliz Dia de Reis e Próspero Ano Novo.

A Adoração dos Magos (1482) – Sandro Botticelli – Galeria Nacional de Arte, Washington

***

(O atraso no pagamento do décimo-terceiro salário dos servidores do estado do RN é tradição que se mantém desde 2013)

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