2 de maio de 2024
CULTURA

ACHEM O CULPADO

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Em país que falta vacina, todos brigam e ninguém tem razão.

O que poderia ter sido a oportunidade única de união nacional, está sendo fracionada em tantas doses, origens e grupos que tem havido ainda mais divisões, desentendimentos e disputas.

Quando tudo passar, depois da contagem final das perdas, mesmo na imensa saudade dos mais queridos que nunca acabará, a apuração dos ganhos será feita.

A anulação do movimento antivacinas ocupará as primeiras colunas dos haveres.

A contabilidade imunológica mostrará uma vertiginosa queda do número de pais que deixam os filhos menores sem direito a ter suas próprias defesas contra doenças que já foram comuns, pareciam ter acabado mas, quando e onde menos se espera, voltam, maltratam e destroçam.

A segunda onda, ainda mais encrespada, antes de arrebentar, já destruiu convicções, mudou pensamentos e atitudes.

A nação rachada ao meio parecia seguir politizando tudo.

Lados e  programas doutrinários defendidos com as armas mais afiadas das redes sociais.

Desde as hipóteses diagnósticas insustentáveis, das gripezinhas banais às opções terapêuticas indefensáveis, do não tratamento nas precoces fases controláveis da doença.

O medo e a poesia entraram na polêmica e venceram todas as disputas.

Imunizar é preciso.                                                    Viver não é preciso.

Vencido o preconceito da origem da salvação, pela evidência que na regra clara, é pegar ou largar.

E quando só tem tu, que venha do jeito que vier.

Da China, da Índia, da Sibéria.

Até se Cuba fizer o seu lançamento.

Com muito deltoide pra pouca seringa, a inevitável divisão das castas aconteceu.

Os mais expostos primeiro, depois os mais velhos.

Tão simples apartação, aparentemente singela e pacífica, bastando a apresentação da carteira profissional e a certidão de nascimento.

Estratégia, motivo de litígio que vem operando milagres.

Revelou idades secretas  e apresentou filas a estreantes.

Madames recauchutadas, sob máscaras e imensos óculos escuros, não garantiram o anonimato nem podem mais esconder informações privilegiadas sobre contagem de velinhas.

Reis pacientemente esperando a vez, agradecidos aos mais humildes súditos, felizes com o que conseguiram sem nada subtrair das suas incalculáveis fortunas.

Preços que não aumentam com a escassez, afrontam as leis do mercado e resistem às ordens das canetas poderosas.

Na preservação das mais caras tradições nacionais, as soluções  ficam para depois, levadas na pança pelos governantes.

O importante é  convocar todos para as emoções do Jogo do Mordomo.

Objetivo único, encontrar o culpado.

Quem não comprou o que ainda não havia nem sido fabricado.

Quem fez seu trabalho de só deixar passar lebre que não mie.

Funcionários dos hospitais que nunca entraram numa UTI mas usam os mesmos elevadores e respiram o mesmo ar da linha de frente.

E agora, distância e vacina querem.

Prefeitos que não distribuem o pouco que os governadores recebem na logística ministerial de entregar o que tem mas está faltando. No mundo todo.

Por tudo que disse e fez, ainda resta uma esperança de salvação para quem estamos, eu e você, pensando neste momento.

Quem tem cara de mordomo é Temer.

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