2 de maio de 2024
HistóriaPolítica

AINDA TEREMOS MOURÃO

Vidas Secas: O Grito – Ado Malagoli (1906/1994) – Acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS)


As urnas, auditáveis, anuláveis ou não, sempre trazem emoções e surpresas.

Quando descartou  a possibilidade de marcharem juntos na ordem unida do pleito eleitoral que se aproximava, o capitão ordenou para o general, sair de forma.

Ocupando decorativa  posição de descanso há tempos, com uma ou outra missão periférica, muito aquém da capacidade, o vice-presidente foi o primeiro barrado na parada que só estava começando.

A transgressão disciplinar da qual foi acusado,  é a  constatação que o advérbio de intensidade usado,  havia sido  mal  empregado.

Se tivesse atrapalhado mais, melhor teria sido.

Os reservas que já foram eleitos em escrutínios independentes, perderam com o vínculo do voto,  o direito de fazer a conta de quantos escolheram seus nomes nas urnas.

Apesar do mantra vice é vice, nossa História tem registrado que o cargo subalterno não é desprezível.

Tem natureza e nobre serventia.

O país pode até prescindir do seu presidente, nunca do vice.

Tem sido assim, desde o primeiro, o marechal de ferro.

Eleito com Deodoro, poucos meses depois, Floriano já era brahma, o número 1.

A contar  da mais recente redemocratização, o estepe tem  garantido a continuidade das sucessivas baldeações.       

Até a próxima tragédia, se Alckmin não fugir da regra.

Tem quem fale em eliminar o cargo e em casos de impedimento, novas eleições.

A tradição presidencialista não é esta.   

Os anais registram presidentes afastados que não fizeram falta alguma.

No banco de suplentes, é bom  ter sempre alguém preparado para entrar em campo, mexer no time e virar o jogo.

Quando a poeira e as curvas de contaminação baixaram, continuamos vivendo uma crise desnecessária atrás da outra, esperando que o radicalismo da campanha eleitoral apagasse o passado.                                     

Há quatro anos, eleito a ferro de faca, quis o  desígnio que nenhum dos convidados, entre políticos insignificantes, tivesse aceitado compor a chapa azarão vencedora.

Serendipity.

O acaso protegeu Jair.

Mourão não teria agora, que  fazer estágio de senador, antes de assumir o cargo para o qual está pronto,  preparado e fadado.

Numa Casa de Caboclo, (1938) – Ado Malagoli – coleção particular

***

“A dor é a única verdade que o homem arrancou da provação da vida.

A alegria não faz ninguém feliz, é apenas um relâmpago.

O homem só é feliz quando pratica a caridade, o amor ao próximo.

É pela dor que a gente sente que está vivo.”

(Ado Malagoli)

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