3 de maio de 2024
Comunicação

ALÉM DE PANDEMIA, PRAGA

O vôo das bruxas (1798) – Francisco de Goya – Museu do Prado, Madri


Pelas leis que regem a blogosfera, qualquer cibernauta, monocraticamente,  pode acusar, investigar, julgar e condenar.

Para manter livre o espírito do espaço sem dono, cabe sempre ao réu midiático, um último recurso: quem julga, será julgado.

E uma pronta resposta.

As mídias sociais sofrem mutações imprevisíveis em novas cepas e variantes, tornando quase impossível, a descoberta de imunizante eficaz contra seus efeitos maléficos.

Quando algum projeto de lei for aprovado pelo Congresso, o que era para ser regulado já  terá perdido o interesse e objetivos.

Por decurso de prazo. E por substituição pelo novo que sempre teima em chegar.

Muitos ainda iam pro Orkut, outros já vinham do Tik Tok.

A navegação digital enfrenta águas revoltas e ventos tormentosos, propícios  para quem se ache no direito e no dever de limitar o que o outro escreve.

Censura é Liberdade nos posts dos outros.

Os combatentes não respeitam tréguas na guerra de todo dia.

Nunca abandonaram a  luta, nem quando todos estavam sendo atingidos pelos invasores desconhecidos.

Quais samurais, perdidos nas ilhas desertas da informação e do bom senso, continuam guerreando, fiés a um imperador  sem rosto nem trono, que habita o reino das fakenews.

Empregam táticas de guerrilha em ataques sem alvo certo.

A leitora Maria da Penha, ao contrário da homônima,  quis implantar uma lei baseada no medo, para garantir seu direito de só ler o que lhe convém.

Incomodada  com o pensar pacífico do aprendiz de cronista, que  o rumo da nação poderia ter  mudado, sem maiores traumas, somente com uma caneta azul e uma carta de renúncia, em gesto solitário de quem sempre declarou amor à pátria, acima de tudo, usou tática amaldiçoada.

O ataque na retaguarda, nos comentários do blog, área que já foi bem mais movimentada em embates de ideias e opiniões, foi bem absorvido.

O petardo utilizado, camuflado de mau agouro, chegou atrasado.

Não podia mais causar mal algum:

“Sabe que vai perder o emprego, você que escreveu a matéria.

Espere só, ficarás em casa, ninguém ao menos vai te telefonar.

Perderás os amigos.

A solidão te espera. Receberás na mesma moeda, e no tempo de Deus”

Ao aposentado escrevinhão, restou  propor à  bruxenta leitora, outros vaticínios.

Que da  próxima vez, praguejasse para que o renascido adolescente não escapasse do serviço militar e que fosse reprovado três vezes no Enem.

O septuagenário agradeceria a reconquista da idade fugidia.

O Feitiço (1798) – Francisco de Goya – Museu Lázaro Galdiano, Madri,


(Este texto é  baseado em  praga rogada em 13/07/2020)

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