AMIGOS OBTUSOS
Chegar tarde à caminhada matinal no Bosque tem suas desvantagens.
Pode-se perder a última fofoca, ficar por fora dos resultados do futebol ou até deixar de pedir para fazer o L, os últimos petistas da turma.
Naquele dia, havia algo de diferente no ar.
Encontrar um clima belicoso não é raro, mas já prestes ao confronto físico, uma novidade.
A contenda era entre um investidor do mercado de futuros e um agente de inteligência da segurança pública.
Tudo motivado pela Reforma da Previdência.
Pontos de vistas diferentes, discussão acirrada com réplicas, tréplicas e cada vez mais, vozes exaltadas.
Disposto a apartar a iminente briga e imaginando que já haviam até ultrajado as honras das respectivas genitoras, o retardatário percebeu que não precisava ser o juiz da paz.
Ninguém havia chamado o amigo (ou ex-amigo) por desagregadores epítetos, tais como: corno, viado ou fdp.
Xingar o outro de obtuso nunca iria terminar em vias de fato.
A paz voltou ao grupo.
Mas só até a próxima polêmica.
(Texto publicado em 13/04/2020)