15 de maio de 2024
Nota

Antes da cirurgia: Bolsonaro lamenta situação de Mauro Cid e ainda quer abraçá-lo

Por Mônica Bergamo na Folha 

Um dia antes de se submeter a uma cirurgia para corrigir hérnia de hiato e desvio de septo, na manhã de terça (12), Jair Bolsonaro recebeu a coluna para uma conversa na suíte do hospital Vila Nova Star, em São Paulo.

Na sala estavam os advogados Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de seu governo, e Paulo Cunha Bueno, além de um assessor pessoal.

Entre o almoço e exames pré-operatórios, ele conversou com a coluna sobre as acusações que sofre, a delação premiada de seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, a possibilidade de voltar à Presidência e os medos de ser preso e de morrer.

Assim que o gravador foi ligado, e antes mesmo da primeira pergunta, ele negou que tenha participado de uma tentativa de golpe no Brasil.

“Desde que assumi [como presidente], eu fui constantemente acusado de querer dar um golpe, tendo em vista a formação do meu ministério [com diversos militares em postos-chave], e as minhas posições como parlamentar [de apoio ao golpe de 1964]. Mas vocês não acham uma só situação minha agindo fora das quatro linhas da Constituição. Nenhuma. Não seria depois do segundo turno [das eleições de 2022] que eu iria fazer isso [tentar liderar um golpe]. Muito menos no 8/1. Eu já não era mais nada, estava fora do Brasil

Como o senhor recebeu a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid fará uma delação premiada no âmbito de inquéritos em que o senhor também é investigado?

Com tranquilidade. Ele foi pessoa de minha confiança ao longo dos quatro anos [de governo]. Fez um bom trabalho. E tinha aquela vontade de resolver as coisas. O telefone dele, por exemplo, eu chamava de muro das lamentações. Não só militares, mas civis que queriam chegar a mim, vinham através dele.

O senhor não tem medo de que ele fale alguma coisa que o comprometa?

Não, não tenho. Ele não participava de nada. Eu estive com o [presidente da Rússia Vladimir] Putin, por exemplo. Estive com o [presidente dos EUA Donald] Trump. Éramos eu e o intérprete. Ele [Cid] nunca estava [presente nas conversas].Ele agendava, ali, os horários de encontros com chefes de Estado, com ministros, com autoridades, com comandantes de força. Mas nunca participou dessas reuniões. Quando você conversa com os [generais] quatro estrelas, não fica nenhum tenente-coronel do lado. Até mesmo por uma questão de hierarquia.

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