7 de maio de 2024
Familia

ANTIGAMENTE, AVÓS

A favorita da avó (1893) – Georgios Iakovides – Galeria Nacional da Grécia, Atenas

Não se faziam avós com os de atualmente.

Na contramão dos saudosistas, reconheçamos que os de hoje são mais ativos  e afeitos ao diálogo.

A nova safra, toma mais vinho, envelhece lentamente e mantém o vigor por muito mais tempo.

Mais vida produtiva, saudável e de convivência com os netos.

As figuras ancestrais, movidas a papas e canjas, hoje seguem dietas equilibradas, suplementadas com whey protein, macronutrientes, aminoácidos, ômega 3 e tudo que possa aumentar a massa muscular.

Só nos Estados Unidos a indústria de produtos  antienvelhecimento para nutrição, condicionamento físico, tratamento de pele, substituição de hormônios, vitaminas e suplementos, gera uma  receita de 50 bilhões (de dólares) a cada ano.

O pijama e as pantufas foram trocados por leggings, camisetas de poliamida anti-suor e tênis superlights.

Anos depois da aposentadoria, os novos velhos ainda frequentam a universidade.

Da terceira idade, já de olho nos cursos que poderão fazer quando chegar a  vez da quarta.

Conversas vespertinas com vizinhos, em cadeiras-de-balanço nas calçadas, só mudaram de lugar.

Com mais segurança e amigos, no burburinho dos shoppings.

Quem tinha  como esporte mais radical, corrida de pés arrastados  para  fundo de rede, sem  muito tempo para o ócio, divide o que resta,  em sessões de hidroginástica, musculação, yoga, RPG, pilates.

Pés-de-valsa,  vão para as aulas de tudo que é dança. Das de salão,  onde sempre reinaram, até as de salsa, sertanejo, zumba e o que mais entrar na moda.

Reuniões, encontros, desencontros e desavenças à moda antiga, agora circulam nos grupos familiares em áudios, posts, textos e lives.

As delícias das vovós continuam tão saborosas como sempre,  nas domingueiras barulhentas.

E mais variadas em tantos restaurantes das praças de alimentação.

Enquanto a imortalidade não é possível,  trocam o geriatra pelo especialista anti-aging, esperando que um elixir à base de células-tronco seja tão eficaz como o fantástico comprimido azul.

Os primeiros passos (1892)- Georgios Iakovides – Galeria Nacional da Grécia, Atenas

(Novas reflexões sobre tema publicado em 24/09/2019)

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