30 de abril de 2024
CoronavírusMemória

AO ESPELHO, AMANHÃ

Bandeira do Butão


Desde que uma simples e tradicional refeição, numa humilde casa na periferia de uma rica cidade chinesa, virou a maior catástrofe que o mundo já enfrentou, do porte do grande dilúvio, procuravam-se explicações.

Como diante de toda doença, o pensamento clínico e lógico foi despertado.

Qual a causa, como se instalou, como se comportava e evoluia.

O que poderia ser feito para resolver o problema.

Curar, se possível.

Aliviar seus efeitos, sempre.

Evitar que outras pessoas fossem atingidas.

Prevenir futuros ataques.

Tirar lições para a vida que seguiria.

Algumas informações estavam à espera de explicações, análises e conclusões.

Ainda era cedo, mas já lembrado.

Um pequeno país asiático, vizinho do gigante onde tudo começou, de onde não chegavam notícias do mal que acometia todos os povos, ser o tubo de ensaio de onde as grandes verdades poderiam surgir.

O invasor seria tão seletivo  nas suas  investidas ou as vítimas é que ofereciam incentivos para  seu desembarque?

Por que atacar primeiro e com mais força os lugares com maior potencial de resistência?

Os países mais ricos, as regiões mais desenvolvidas do mundo, os lugares onde a assistência médica era invejada como exemplo de excelência?

Por que na longa viagem, saindo  de uma tosse e embarcando num espirro, passando de pessoa a pessoa, não  foram a lombo de cavalo, em trens superlotados nem pelas estradas sinuosas, ladeira a cima.

E não passaram arrasando também o pequeno  Reino do Butão?

Aquele povo há de ser muito bem estudado.

Sua imunidade testada, para entender como  resistiram. Ou porque foram poupados.

Observar com atenção seus hábitos alimentares. E outros. Seu comportamento. Como vive sua sociedade.

A amostra poderia ser modelo e no futuro, na recuperação da destruição, muita coisa haveria de ser mudada.

A vida mais simples.

Orientada pela religião.

E pela filosofia.

Consumo, as necessidades.

Produção, o  essencial.

A família, perto.

O horizonte, no por do sol.

A maior viagem, a subida da montanha.

O índice mais importante, o coeficiente de felicidade.

A vida do povo mais feliz de todos pode ser a de todos os povos?

***

A dor é perceber

Que apesar de termos

Feito tudo o que fizemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos

Ainda somos os mesmos

E vivemos

Como os nossos pais.

                (Belchior docet)

***
Nada será como está, amanhã ou depois de amanhã.

                   (Milton canit)

(O texto publicado em 02/04/2020 sofreu alterações  temporais)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *