5 de maio de 2024
Imprensa Nacional

Ao suspender Orçamento Secreto da Câmara, Bolsonaro confirma digitais no antes e depois

O governo Jair Bolsonaro acabou.

O de Lula só vai nascer depois do réveillon.

E, talvez, venha à luz  devendo pelo menos R$ 8 bilhões aos parlamentares que fizeram acordos com Arthur Lira (PP-AL), candidato à reeleição na presidência da Câmara.

Ontem, Bolsonaro surpreendeu Lira, aliados e líderes do Centrão, o esteio parlamentar do seu governo, ao suspender o pagamento de emendas parlamentares no orçamento secreto, ou paralelo.

Não é pouco dinheiro. Equivale a 87% dos investimentos federais previstos em Saúde neste ano — não necessariamente realizados.

Bolsonaro mandou ao Congresso um projeto de lei para retirar recursos que estavam reservados para financiar emendas parlamentares.

Supostamente, vai aplicar as verbas no pagamento de salários dos servidores, entre outras despesas consideradas obrigatórias. Câmara e Senado devem decidir se aceitam ou não.

A manobra de Bolsonaro tem duplo objetivo.

Por um lado, garante o epílogo do seu governo com cofres menos vazios. Ele gastou tanto durante a temporada eleitoral, inclusive com emendas parlamentares, que viu-se obrigado a realizar cinco bloqueios orçamentários neste ano, quase todos nas áreas de Saúde e Educação. Na semana passada anunciou um de R$ 13 bilhões.

Ao mesmo tempo, joga no colo do adversário Lula a conta dos acordos que o deputado Lira fez neste segundo semestre para se reeleger em fevereiro no comando da Câmara.

Para manter acordos, o presidente da Câmara vai precisar negociar com Lula, que tem interesse na reeleição de Lira.

Para o novo governo, o problema está em aceitar pagar uma fatura de Bolsonaro no orçamento secreto, ou paralelo – “a maior bandidagem feita em duzentos anos de República”, na definição de Lula num comício em Diadema (SP), em agosto.

Bolsonaro, deprimido desde a derrota para Lula, avança no auto-isolamento político.

Há quem veja nessa decisão sobre o orçamento marcas de rancor derivadas da ruptura do Centrão: semana passada, os partidos Progressistas  e Republicanos registraram na Justiça Eleitoral repúdio às suas falsas alegações sobre fraude na vitória de Lula, encampadas pelo Partido Liberal.

Ressentimento, como se sabe, é indigestão interminável.

Fonte: José Casado para Veja 

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