Bolsonaro segue na contramão do mundo e deve diminuir isolamento social
Por Mônica Bergamo na Folha
A possibilidade de Jair Bolsonaro ampliar a lista de atividades essenciais que poderiam funcionar apesar das medidas de restrição baixadas por governadores estaduais deixava parte do governo em tensão máxima na sexta (10).
De acordo com um integrante da equipe de Bolsonaro que foi consultado sobre a iniciativa, a lista estudada era tão vasta que “daqui a pouco até zona de prostituição vão considerar essencial”.
Só a discussão da medida, segundo especialistas do próprio governo, induzirá as pessoas a irem às ruas num momento em que a taxa de isolamento já vem caindo. “Segunda-feira vai ser o estouro da boiada”, diz um deles. Se ocorrer, o fenômeno pode fazer a curva da Covid-19 entrar em espiral. De acordo com um médico que participa de um dos conselhos de combate ao coronavírus, a doença, ainda assim, se imporá. Ela já fechou a Itália, a Espanha, a França, Nova York e diversos estados americanos. E acabará fazendo o mesmo com o Brasil. “Não vai ter caixinha de cloroquina que funcione”, afirma o especialista, referindo-se ao remédio pregado por Bolsonaro para ser usado em pacientes de Covid-19.
É demasiadamente estranha esse apego à cloroquina. Não é porque salva vidas, já que isso não está comprovado, (pode salvar algumas vidas, todas ou sua maioria, não se sabe), que essa indução ao uso aconteça de forma natural.
Além disso, Bolsonaro já conseguiu o que queria, transformou coisa séria em balbúrdia. O que foi seguro, até agora, de algum achatamento da curva, não se deu por iniciativa do presidente, por orientação de quem deveria liderar uma nação.
O Brasil é uma bolha que não quer o bem de todos, quer ter razão. Esse país não sairá melhor dessa pandemia, dá todos os sinais que sairá pior, mais doente, mais magoado, mais indisciplinado.