4 de maio de 2024
Imprensa Nacional

“Chamaram-me de machista e mijao”…, diz João Campos defendendo união pós-eleição

O entrevistado das páginas amarelas da Veja desta semana é o prefeito eleito de Recife, o deputado federal João Campos (PSB).

Protagonista de uma das disputas mais acirradas nas eleições de 2020, Campos prega a união e o diálogo.

Abaixo um pouco da entrevista.

Há clima para um jantar em família? Eu perdi meu pai em 13 de agosto de 2014. Honestamente, depois de atravessar um luto tão doloroso, acho que tudo na vida pode ser superado. E com Lula, com quem inclusive esteve em 2019, junto com sua mãe, não fica uma sequela após sua campanha afirmar que os figurões do PT envolvidos em corrupção extrapolam fácil os dedos das mãos? Não acredito. São coisas da política. Nunca toquei no nome de Lula, que acertou bastante, mas também errou. Ninguém está imune a errar nesta vida. E dele, recebeu algum telefonema pós-eleição? Ainda não. Seu pai chegou a saber de seu desejo de entrar na política? Ele sabia que eu adorava, queria estar sempre do lado dele, acompanhando-o aonde fosse. Conversamos muito sobre política, sobre perspectivas para o futuro. Um dia, ele falou uma coisa que me marcou: que só havia chegado aonde chegou — deputado, governador, ministro, candidato a presidente — porque tinha conseguido driblar um monte de gente que queria dificultar a sua vida, dar-lhe uma rasteira. Ele me incentivou dizendo: “Eu tenho certeza de sua capacidade, só peço que estude firme e se prepare”. Ele gostava da ideia de ter um filho na política? Sim, da mesma maneira que um pai artista aprecia ver seu filho tocando guitarra ou de gerações de médicos que andam com um estetoscópio no pescoço. Na política, porém, sinto que é diferente, que tem um estigma do tipo: “Essa família Campos é uma oligarquia” — o que nunca fomos. A propósito, costuma-se dizer em Pernambuco que Renata Campos, sua mãe, é eminência parda de todo e qualquer governo do PSB e assim será do seu. Procede? Um absurdo. Ela sempre foi uma figura forte, militante, mas hoje se reveza entre o trabalho no Tribunal de Contas de Pernambuco e a família. O resto é fantasia. Escutarei sempre minha mãe, é claro, mas quem vai governar o Recife sou eu. A lembrança de seu pai ainda é muito viva? Penso nele toda hora. É impossível esquecer aquele dia em que o avião em que voava de repente sumiu. Eu ligava para o meu pai, para o assessor, e nada, só caixa postal. Estava indo para a sede do partido e resolvi voltar para casa, até que, no caminho, abri a internet e vi a foto do avião espatifado. Não tive dúvida: “Meu pai morreu”. Desse momento em diante, minha vida virou outra. Tive de tomar decisões sobre questões que nem sabia que existiam. Nunca tinha feito um discurso e, de uma hora para outra, rodei 44 cidades em quinze dias falando em cima de um palanque a favor de Marina Silva, que seguiu com a campanha. Não conhecia essa minha capacidade. Hoje, nas mais diversas situações, me vem à cabeça: “O que meu pai diria, o que ele faria?”. É como um mantra para mim. O espólio de Eduardo Campos está até hoje bloqueado no âmbito das investigações da Lava-jato. Acredita que ele cometeu algum crime? Depois de seis anos de sua morte, não há nada comprovado contra ele. E isso porque era mesmo uma figura honesta, correta, que deixou o governo do Estado com 93% de aprovação. Ser presidente da República está nos planos? Não sou um cara de projetar o futuro. Aprendi isso depois que perdi meu pai. Um dia de cada vez. Se as alianças para 2022 não estão definidas, na vida particular planeja subir ao altar com a deputada federal Tabata Amaral, do PDT de Ciro? Passada a turbulência da eleição, a gente vai poder organizar a nossa vida. Tenho certeza de que ela é a pessoa certa, por quem tenho um profundo amor e com quem quero construir minha vida. Nós nos conhecemos como deputados, em uma vida puxada, desafiadora, nada trivial, e assim seguiremos juntos.

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