10 de maio de 2024
Coronavírus

CHEZ NOUS

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Como seria uma maratona de quarentenas, já na quarta temporada, sem os
smartphones e suas consequências.

Na gripe espanhola, o colapso dos meios de comunicação foi completo.

Sobraram para a história, relatos em diários com os dramas dos que se foram e os testemunhos dos afortunados pela sorte, destino e sistema imunológico.

Hoje, um único aparelho, acessível a quase todos, mantém a conexão com o mundo, virou ferramenta de trabalho e contato com familiares e amigos.

É também a porta dos templos e altar de orações.

Sala de velório e modo de envio de flores e solidariedade, sem violação das regras de distanciamento sanitário.

Aliado às melhores práticas de logística, substituem lojas e mercados.

Saudosistas ainda insistem em quebrar as regras estabelecidas mas muito do que hoje é feito por obrigação e necessidade, será no futuro, de bom grado, costume.

Depois de dispensar quase por completo o comparecimento a agências bancárias e correios, passou também a revolucionar o velho hábito de sair para jantar e seus assemelhados.

Os mais inventivos já participam de tele-churrascos.

Cada um na sua varanda gourmet.

Preparam assados, enquanto trocam receitas de carnes no ponto certo e brindam, nas telinhas, o puro malte da preferência individual.

O setor de restaurantes, o que iria sofrer primeiro, foi o que mais rapidamente adaptou-se ao estilo de vida em confinamento.

Pelo menos, os que aliaram os sabores e a qualidade de sempre, a eficientes serviços de entregas em domicílio.

A presteza dos deliveries permitiu até que surgisse uma nova categoria de clientes.

Os ubíquos.

Aqueles que numa mesma mesa familiar, podem estar em duas  ou mais casas de pasto. A variedade de pratos vai um pouco além dos cardápios. São de múltiplos temperos e cozinhas.

Até quem não perdeu o vício da ostentação, tem como alimentá-lo.

Ao trocar figurinhas, emojis e indicações de onde ficar para comer, o amigo deu um senhor upgrade na velha e tradicional churrascaria do bairro.

Tenho solicitado muito, a rôtisserie do Chez Arnold de Mont Blanc.

Este maravilhoso mundo em constante renovação também tem seus subterrâneos.

Vivaldinos não dão férias nem recolhem ao isolamento, suas espertezas e golpes.

É preciso atenção para facilidades exageradas.

Com o home banking e com nossos parlamentares.

Em sessões virtuais, sem o calor das discussões nem o cheiro do povo das galerias, fica muito mais fácil tanger a boiada e passar tudo.

Até camelo por buraco de agulha.

Quanto mais, uma garfada no contracheque do pobre barnabé.


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