Classes A e B também se socorrem do Auxílio Emergencial
Não é de ouvir dizer ou saber que estão fazendo por aí. Agora, é pesquisa publicada no Valor Econômico desta quarta-feira.
Também não se trata de ação de hacker como deve ser possível o caso do dono da Havan , que teve seu cadastro aprovado para a concessão de benefício.
São pessoas que, de fato, se habilitaram e receberam recursos criados para a camada mais carente e necessitada da população.
Um terço das famílias das classes A e B solicitou o auxílio emergencial de R$ 600 do governo federal nos últimos meses – e 69% foram aprovadas para receber o benefício.
Isso significa que 3,89 milhões de famílias mais ricas têm algum integrante recebendo a ajuda criada para apoiar trabalhadores pobres na pandemia.
A conclusão é de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e obtida pelo Valor, que ouviu 2.006 pessoas de 72 cidades de todo o país, no período de 20 a 25 de maio, uma amostra considerada representativa da população nacional.
A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Para burlar as regras do programa e obter o benefício, integrantes dessas famílias de classes mais altas estão omitindo a renda familiar no cadastro no site da Caixa Econômica Federal.
São esposas de empresários, jovens de famílias de classe média e servidores aposentados, mostram denúncias feitas nas últimas semanas.
Renato Meirelles, fundador e presidente do Instituto Locomotiva, realizou pesquisas qualitativas com integrantes dessas famílias de maior renda (mais de R$ 1.780 por pessoa por mês) que solicitaram o auxílio emergencial.
Segundo ele, esses indivíduos não se consideram fraudadores do programa por diferentes motivos.
“O argumento, em geral, é algo do tipo: ‘Sempre paguei impostos e nunca tive nada em troca do governo’. Ou ainda que ‘a crise está difícil para todo mundo’. São pessoas que realmente acham que têm o direito ao benefício por esses fatores. Não existe um sentimento de que estão cometendo fraude”, diz Meirelles.
Solicitar e receber o auxílio emergencial com a declaração de informações falsas podem tipificar os crimes de falsidade ideológica e estelionato. Para o crime de falsidade ideológica, por exemplo, a pena varia de um a cinco anos de reclusão. Meirelles afirma, porém, que a percepção de impunidade também é grande.
A sondagem mostra ainda que 36% dessas famílias de maior rendimento tiveram algum integrante com negócio fechado ou sem funcionar. Outros 18% relatam perda de emprego de alguém da família. E mais 8% tiveram que pegar dinheiro emprestado para enfrentar o pior período da pandemia.
DO TL
A pesquisa não traz o perfil político dessas pessoas, mas sem muito esforço , certamente, uma busca rápida nas redes sociais poderá mostrar que são militantes contra velhas práticas políticas, desigualdade social e hipocrisia alheia.
Uma ótica que deixa evidente a distância quilométrica entre teoria e prática.
O perfil é um só: Hipócritas corruptos.
Sabe quando a pessoa é rica, não precisa de um cargo comissionado, mas quer e ocupa um só para o poder público pagar o salão de beleza, as unhas, as futilidades? Igual.
Incrível é a incapacidade do sistema em não conseguir cruzar informações. Falta para quem precisa, sobra para quem tem.