CONTA EM VENEZA
Programa vespertino très chic, no inesquecível cenário da Piazzetta de San Marco, Venezia.
Muita gente circulando, grupos de duristas bebendo e comendo pelas calçadas e sob os arcos dos belos palácios.
Restaurantes com mesas ao ar livre, cobertas por toalhas imaculadas.
Muitas, vazias.
E um pianinho que logo começa a tocar bossa nova e brasileiríssima.
Um clima sonhado para um fim de tarde pra lá de romântico.
Só que o dinheiro dos viajantes era curto e fez-se necessário saber de antemão os preços dos drinques e petiscos.
Estavam dentro do orçamento.
Foram encontrados logo, outros brasileiros.
Que não são difíceis de achar abroad, viajando fardados com camisas da seleção canarinha.
Até o gerente do empório veio confraternizar, lembrando do tempo em que morou nos trópicos, casado com uma maranhense.
Arranhava um portitaliani perfeitamente compreensível.
Tudo saiu à perfeição.
Até a chegada da via dolorosa d’il conto.
O valor somado era mais que o triplo do pesquisado.
Quem senta paga mais, foi a explicação.
A tabela afixada, vogava somente para bipedestação.
Depois do italiano gastar todo seu rico português e o colega de jornada ameaçar chamar a Arma dei Carabinieri para resolver a parada, o nativo desistiu.
Disse que não mais entendia nossa última flor do Lácio.
Foi aí que valeram as aulas do Ginásio de Padre Eymard:
– Io capisco você, por que você non me capisca?
(Este perrengue turístico já foi contado neste TL em 11/04/2020)