28 de abril de 2024
FamiliaMemória

ENCANTADORAS MISSES

Lauro Arruda Câmara e Terezinha Morango – 1957


Três anos depois que a baiana
Martha Rocha ficou a duas polegadas a mais do título de Miss Universo, foi a vez de Terezinha Morango ocupar o mesmo degrau no pódio da formosura.

E criar quase a mesma fama.

As duas rainhas da beleza seguiram os mesmos caminhos.

Viagens, festas, poses de modelo, fotos publicitárias,  desfiles de manequins.

Das capas de revistas, para os altares de bons casamentos, foi questão de alguns pivôs. E tempo.

Constituíram famílias, continuaram com a mesma vida social borbulhante e a glória de terem sido aos vinte anos, padrões de beleza.

Entre tantas perdas de famosos e anônimos, na Pandemia, um obituário despertou recordações familiares, na foto bem conservada por 64 anos.

Em 1957 não era difícil para um jovem político,  com dinheiro no bolso, parentes importantes e vindo do interior trazendo 2879 votos,  entrar na festa mais aguardada de todas.

E mais se fosse do velho, imbatível PSD e tivesse  sido  o mais votado entre 34 deputados estaduais eleitos.

Nunca seria barrado.

Ainda mais,  na companhia do mano, atleta amador do alvi-rubro da Rua Maxarangupe, as borboletas estariam sempre destravadas.

O terno de tropical inglês com a grife Vilaça, cabelo tratado na glostora,  papo leve e escorreito, eram convites para as melhores rodas de conversas. E garantiam um lugar de destaque  nas mesas de pista.

Apresentado à jovem senhorita, alvo de todas as atenções, sob o espocar dos flashes, a rápida conversa acendeu a afinidade instantânea, pela origem comum.

O rio Purus encontrou o Solimões nos salões do América e a identidade amazônida aproximou Lábrea de São Paulo de Olivença, separadas por mais de 600 quilômetros.

O filho do feitor do seringal Guajarahã nunca mais perdeu oportunidade de lembrar a amizade com a conterrânea que continuava sempre bela e em evidência.

Já seu fraterno companheiro de noitada, ficou com outra estória pra contar  e ser recontada pelos filhos, aos netos.

Driblador talentoso,  comparado  ao legendário Patesko, ponta-esquerda do glorioso Botafogo de Futebol e Regatas e da seleção brasileira nas copas de 34 e 38, Ivan, o terrível bon-vivant, não imaginava o jogo de  retranca que enfrentaria do scratch doméstico.

No dia seguinte, na hora da resenha,  ao relatar o convescote de arromba, exagerou um pouco na proximidade genética com a visita mais ilustre que a tribo potiguar haveria de receber naquele ano.

Terezinha Gonçalves Morango, depois assinada Sra. Pittigliani, seria parente próxima dos Arruda Câmara, estabelecidos no encontro das águas temporárias do Bujari com o Curimataú, em Nova Cruz, há mais de 40 anos,

Neide, a patroa excluída da tertúlia,  qual uma center-half,  não abriu a guarda.

Nem perdeu a irreverência, diante da indigesta salada de frutas.

Eu sabia que na sua família,  o que tinha muito, era abacaxi…

(Publicação original em 20/03/2021)

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